tag:blogger.com,1999:blog-49527658196645035192024-03-05T08:18:39.077-08:00Retransmitir.Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.comBlogger33125tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-1581409860506677702009-03-20T14:02:00.000-07:002009-03-20T14:10:13.898-07:00Coletivo Intervozes divulga nota contra a criminalização dos movimentos sociais na mídiaRetirado do sítio <a href="http://www.intervozes.org.br/">http://www.intervozes.org.br/</a><br /><br /><div align="justify"><em>Criminalização das lutas sociais: um padrão de cobertura da mídia brasileiraEntre o final de fevereiro e início de março, a mídia corporativa iniciou mais uma campanha contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Telejornais, jornais impressos, revistas, rádios e sites da internet pertencentes aos grandes conglomerados de mídia dedicaram-se a difundir sua indignação com os agricultores sem terra. As colunas de muitos articulistas e, especialmente, os editoriais destes veículos, transformaram-se em verdadeiros canais destiladores do preconceito e da ira.</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>Duas matérias veiculadas em seqüência no domingo (01/03) por um dos principais programas da TV Globo, o Fantástico, demonstram o grau de sofisticação desta campanha ideológica. Uma matéria mostrava um beneficiado pela reforma agrária tentando vender um lote que conquistou; a outra abordava o desmatamento promovido em um assentamento na Amazônia. Em meio a um turbilhão de denúncias contra o MST, seria mera coincidência a exibição de duas matérias expondo as contradições da reforma agrária – feita de forma incompleta e improvisada pelo Estado brasileiro – em um dos programas de maior audiência da TV brasileira, ainda que sem citar nominalmente o movimento? Certamente não.</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>A campanha da mídia é uma das muitas facetas do processo de ataque em curso contra o MST. No Rio Grande do Sul, este processo de perseguição é encabeçado pelo promotor do Ministério Público gaúcho Gilberto Thums e pela governadora Yeda Crusius (PSDB), que juntos ordenaram o fechamento de escolas do MST no início do ano letivo de 2009. Tal campanha se alimenta também das declarações da conservadora União Democrática Ruralista (UDR), do secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, e, sobretudo, do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes.</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>Causa espanto observar o maior chefe da Justiça brasileira aderir sem pudores à militância e ao discurso ideológico da direita brasileira. Ele cobra agilidade nas investigações dos recursos públicos destinados aos sem terra. Tal atitude, contudo, não foi verificada quando grandes empresas e fazendeiros, também beneficiados pelo dinheiro público, estiveram envolvidos direta ou indiretamente com a morte de centenas de trabalhadores rurais, sindicalistas e missionários, com a contaminação e destruição do meio ambiente, o trabalho escravo e o infantil, a expulsão de comunidades tradicionais de suas terras, a grilagem, a corrupção de políticos e de funcionários públicos. Não podemos esquecer também da benevolência e tratamento dispensado ao banqueiro Daniel Dantas, por duas vezes preso e por duas vezes solto pelo mesmo STF. Mais espanto ainda causam os meios de comunicação ao cobrir de forma acrítica as declarações de Gilmar Mendes.</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>Estas articulações políticas conservadoras, às quais os grandes grupos de comunicação brasileiros estão historicamente ligados, tornam estes veículos incapazes de refletir os problemas do povo brasileiro. Todos os espaços dedicados às denúncias contra o MST tratam o tema como um caso de polícia, mas não há uma reflexão mais profunda sobre a questão agrária no Brasil, que aborde os sem terra como um problema social, herdeiros de uma dívida histórica do Estado brasileiro. </em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>Não se fala que nosso país é o segundo, em todo o mundo, em concentração de terras. Não se fala que em um país com uma infinidade de terras férteis, milhares de brasileiros continuam a ser expulsos do campo, enquanto outros milhões ainda padecem de fome.</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>Não se fala que os sem terra têm nas ocupações um método de luta social para fazer avançar a reforma agrária. Não se fala que uma medida provisória que impede o repasse do Estado a cooperativas agrícolas ligadas a movimentos que ocupem terras tende a punir, na verdade, cooperados e assentados que já estão nas terras, além de atravancar o processo de reforma agrária e prestar um desserviço aos interesses do país, por impedir o desenvolvimento dos assentamentos.</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>Não se fala, também, que é ao redor da monocultura das grandes propriedades que se concentram as áreas de maior índice de violência no campo, fazendo do agronegócio o grande gerador de conflitos e mortes no meio rural. Por outro lado, o mesmo agronegócio, financiador assíduo da grande mídia, é exaltado como modelo de desenvolvimento.</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>Tão importante quanto apurar os responsáveis e circunstâncias da morte de quatro pistoleiros a serviço de fazendeiros é não deixar de noticiar e de se apurar devidamente as dezenas de mortes de sem terra, de indígenas, de quilombolas, de lutadores da reforma agrária e dos direitos humanos no campo brasileiro. É importante saber também por que as contradições da reforma agrária são tão exploradas e atacadas, e pouco se fala dos problemas gerados pelo modelo de monocultura, pela grilagem de terras, pelas milícias dos produtores rurais, pela destruição do nosso ambiente ou pela violência que reina no interior do país a mando de grandes fazendeiros.</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>Nós do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social acreditamos que isso acontece porque a mídia não é democrática no Brasil. Porque a comunicação no país hoje está em mãos de pouquíssimos grupos privados, cada vez mais poderosos. Porque esses grupos não possuem ligação com o povo brasileiro, com seus interesses, objetivos, sonhos e esperanças. Para nós, a luta do povo brasileiro por seus direitos não pode mais ser criminalizada, nem pelos meios de comunicação, nem pelo Estado. Deve, ao contrário, ser entendida como uma necessidade histórica de transformações sociais há muito esperadas e adiadas em nosso país.</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>I</em><em>nfelizmente, os meios de comunicação têm se mostrado incapazes de promover uma reflexão aprofundada e um debate democrático, a partir de múltiplas visões, sobre a estrutura agrária e o modelo de desenvolvimento do país. A todos aqueles que desejam ver no Brasil uma verdadeira democracia, deixamos o convite para engrossar as fileiras do movimento pela democratização das comunicações no país – que em 2009 vivenciará a primeira Conferência Nacional sobre o tema.</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em><strong>Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social</strong></em></div><div align="justify"><em>Março de 2009</em></div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-46833968510701771862009-03-17T20:35:00.000-07:002010-02-26T17:18:32.903-08:00Evo Morales distribui terrasNo último dia 16, o presidente boliviano Evo Morales repassou 34 escrituras de fazendas consideradas improdutivas. Assim, em "território inimigo", na elitista <em>Santa Cruz de la Sierra,</em> direto da fazenda de um ex-proprietário americano, Evo, em ato solene, declarou: <em><strong>"Hoje é um dia histórico. A partir de agora estamos começando a por fim ao latifúndio e à escravidão dos (índios) guaranis"</strong></em><br /><br />A reforma agrária foi possivel após aprovação de mais de 60% da população à nova Constituição do país. Agora o tamanho das propriedades é limitado por lei e, segundo o presidente: <em><strong>"aqueles que não estão interessados na igualdade devem mudar sua forma de pensar e se concentrar mais nas necessidades do país do que no dinheiro".</strong></em><br /><strong><em></em></strong><br />Por aqui, tal reforma caminha a conta-gotas e parece ter sido esquecida pelo governo Lula. Justo o PT, que sempre levantou essa bandeira, agora assiste seu vizinho distribuir terras e comprar briga com a elite boliviana. No Brasil, embora os "bolsas família" aproximem o Estado das camadas mais pobres, o governo jamais rompeu com os grandes proprietários do campo e assim realiza uma reforma agrária que mais parece uma ilusão. "Distribui" terras através de processos que levam anos.<br /><br />O lucro gerado pelas monoculturas de soja, eucalipto, café, cana de açucar, arroz e milho faz o governo sorrir e manter o mesmo sistema colonial agrário-exportador. Assim, os territórios são extensos e concentrados na mão de poucos. Poucos, mas muitos políticos e donos de veículos de comunicação. Não por acaso a grande mídia prefere se ausentar do debate sobre o sistema agrário brasileiro - haja visto que os veículos nacionais, verdadeiros feudos, pertencem à grupos intimamente ligados ao latinfúndio. Com isso, fazem linha de frente na guerra da comunicação, constantemente criminalizando movimentos sociais que lutam no campo pela reforma agrária e por uma economia menos exploratória e mais solidária.Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-68591030623001743962009-03-17T20:19:00.000-07:002010-03-09T09:17:54.373-08:00Rio 2016?!<div align="justify"></div><br /><div align="justify">Estava zapeando na TV e uma propaganda me chamou atenção: "Rio 2016, apoie essa idéia" (ou algo parecido). Diversos "trabalhadores comuns" praticando esportes em seus ofícios, todos obviamente felizes. Professora jogadora de basquete e mais vários outros personagens - só lembro de um - o negócio não deve ser muito bom. Mas o ponto chave, que me levou a distrações naquele momento, foi <strong>quando o narrador convocou o público para "apoiar essa idéia".</strong> Falou ainda que as Olímpiadas trariam oportunidades, empregos. Assim, todos deveríamos dar apoio, pois traria "progresso" ao país. </div><br /><div align="justify"></div><div align="justify">Qualquer um com um mínimo de memória e bom-senso deveria se sentir insultado com esse convite do narrador. Apoiar a idéia? E o Pan-Americano 2007 no mesmo Rio de Janeiro, um sucesso? Caso pense que foi uma experiência positiva, atenção! Sua memória está um tanto seletiva demais ou teve informações de menos. O que marcou aquele evento esportivo foram os números nas páginas policiais: total de <strong>44 mortos no Complexo do Alemão, comunidades inteiras despejadas aos redores da "Vila do Pan" e centenas de ambulantes perseguidos e presos.</strong> </div><br /><div align="justify"></div><div align="justify">Uma ação específica, mais conhecida como "Massacre do Complexo do Alemão", envolveu mais de 1350 policiais e deixou um saldo de 19 mortos. Entre os 1350 "homens da ordem", que sitiaram a região por dias, estavam <strong>1200 policiais civis e militares, além de 150 homens da Força Nacional</strong>. É, sitiaram a favela. O Estado de fuzil na mão. O ocorrido chamou atenção do mundo e foi notícia em veículos como: <a href="http://www.elpais.com/articulo/internacional/muertos/operacion/policial/favela/Rio/elpepuint/20070627elpepuint_18/Tes">El País</a>, <a href="http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2007/06/27/AR2007062701826.html">Washington Post</a> e <a href="http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/6247608.stm">BBC</a>.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><br />Segundo nota publicada pela <a href="http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2007/06/29/sinopse_da_imprensa_oab_suspeita_de_execucao_em_operacao_no_rio_903604.html">OAB-RJ </a>(Ordem dos Advogados do Brasil), <strong>11 civis não ligados ao tráfico de drogas foram mortos pela polícia</strong>. Ainda de acordo com a OAB e também com a <a href="http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/11/01/materia.2007-11-01.1487830985/view">SEDH</a> (Secretaria Especial dos Direitos Humanos) , existem indícios de execuções sumárias na ação militar. Foi <strong>sujeira pra todo lado e o pobre pagou com a vida</strong>. </div><br /><div align="justify"></div><div align="justify">Isso já é costume no Rio, nas vésperas de eventos e datas comemorativas a "Caveira" (BOPE) sobe mais o morro e faz suas vítimas. Ainda tem gente que aplaude tal "limpeza social" praticada nas favelas cariocas. Não precisamos ir longe para sermos testemunhas de ações onde o Estado é o principal violador dos direitos humanos. E muitos apoiam eventos desse porte no Brasil, fazem vista grossa para o prejuízo social causado no país, batem palmas para a <em>Ordem </em>e acabam comprando falso <em>Progresso</em>. São os mesmos que viram <em><a href="http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=30050">Tropa de Elite (operação papa)</a> </em>como mais um Rambo da vida e elevam <em>Capitão Nascimento</em> ao status de herói. </div><br /><div align="justify"></div><div align="justify">Para aqueles que ainda querem exercitar ainda mais a memória, os <em>capitães nascimento</em> de hoje são os mesmos <em>capitães do mato</em> de ontem. Ambos matam pobres e negros em nome da "Segurança Pública", mas na verdade só semeiam medo e insegurança. Assim, o <strong>Estado, para garantir uma boa festa aos turistas, cumpre a agenda de criminalizar o pobre e exterminá-lo como doença - verdadeira higienização social</strong>.</div><br /><div align="justify"></div><div align="justify">Vale lembrar que mais de 1 bilhão de reais saíram dos cofres públicos para a realização do evento. A sociedade pagou e a polícia matou. E ainda existem milhares de brasileiros que apoiam a idéia <em>Rio 2016</em> ou até mesmo a <em>Copa do Mundo Brasil 2014</em>. Imaginem, Copa do Mundo acontece em diversas cidades, será que o terror será espalhado e os "homens da ordem" voltarão a agir? </div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"><strong>Rio 2016, Brasil 2014 - NÃO apoie essa idéia!</strong></div><br /><div align="justify"></div>a seguir links de duas entrevistas concedidas ao Correio da Cidadania, que trazem mais informações sobre o ocorrido no Pan:<br /><div align="justify"></div><div align="justify">Corrupção: <a href="http://www.correiocidadania.com.br/content/view/619/"><span style="COLOR: rgb(51,102,255)">http://www.correiocidadania.com.br/content/view/619/</span></a></div><div align="justify"></div><div align="justify">Extermínio dos pobres: <a href="http://www.correiocidadania.com.br/content/view/566/9/"><span style="COLOR: rgb(51,102,255)">http://www.correiocidadania.com.br/content/view/566/9/</span></a></div><div align="justify"></div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-43811689735365860722009-03-17T14:03:00.000-07:002009-03-17T16:20:56.818-07:00Criminalização da pobrezaTexto para refletir sobre as recentes desapropriações que aconteceram em São Paulo e também sobre os fatos ocorridos no Pan 2007, nas Olímpiadas 2016, na Copa 2014 e no seu cotidiano. retirado de: <a href="http://www.adital.com.br/">http://www.adital.com.br/</a><br /><br /><em><strong>Renato Prata Biar *<br /></strong>Adital -<br /></em><br /><div align="justify"><em>O medo sempre foi utilizado durante toda a história nos mais diversos lugares e civilizações como um forte pretexto para que se justificasse, legitimasse e se naturalizasse certos comportamentos, doutrinas, leis, punições violentas, desumanas e cruéis. Um bom exemplo é a Idade Média e o seu período da Santa Inquisição com a caça às bruxas, aos hereges, etc. que, não muito raro, acabavam queimados vivos na fogueira. Porém, quero aqui me utilizar apenas do Brasil como exemplo de uma sociedade que também passou e ainda passa por esse périplo.<br /></div></em><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>No Brasil, os primeiros a serem apontados como pessoas dignas de se sentir medo foram os índios. Estes, além de serem denominados como selvagens, assassinos impiedosos e canibais (vide o filme do "exemplar" católico, Mel Gibson: Apocalipto), ainda foram taxados pelos europeus de preguiçosos, avessos ao trabalho e, por muito tempo, não eram considerados como seres humanos, pois achavam que eles não tinham alma. Ou seja, eram tidos como criaturas perigosíssimas e que impediam a implantação de uma sociedade civilizada e justa, segundo os padrões europeus de civilização e justiça. Resultado: um genocídio "legítimo" e necessário para o bem e o progresso da humanidade.<br /><br /></div></em><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em>Após o extermínio de quase todos os índios, surge o negro africano.Os negros, porém, ao contrário dos índios, eram considerados bons para o trabalho desde que os castigos, as torturas, os açoites e os assassinatos cometidos contra eles, pelos seus respectivos donos e senhores, fossem sempre muito bem aplicados no sentido de lhes mostrar quais eram as suas funções e o seu devido lugar numa sociedade escravista. Aliás, sociedade esta que via no trabalho algo totalmente aviltante e desprezível, sendo por isso considerada uma atividade a ser exercida apenas por seres inferiores, ou melhor, por seres mercadorias (os negros) adquiridas como propriedade privada para esse ignominioso fim: o trabalho. Aqui, o negro rebelde, fujão, revoltado e, mais ainda, os grupos de negros que se organizavam para reivindicar e lutar por sua liberdade eram aqueles que deveriam ser temidos, combatidos e mortos para mais uma vez dar lugar à manutenção de uma sociedade justa, pacífica e ordeira. </em></div><div align="justify"><em>O medo de que os levantes e as revoltas levassem os "cidadãos de bem" daquela época a perder a sua fonte de produção e acumulação de riqueza, suas regalias e privilégios dentro de um regime escravocrata, foi um fator determinante para que a utilização e a invenção de novos métodos de punições, leis e doutrinas de natureza covarde, violenta e desumana fossem aplicadas para a manutenção do status quo e dos bons valores morais e éticos daquela sociedade.<br /></div></em><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>No entanto, como o modo de produção escravista era incompatível com o modo de produção capitalista industrial que já estava consolidado na Europa e, principalmente na Inglaterra, a escravidão sucumbiu para dar lugar ao denominado trabalho assalariado ou livre. Concomitante a esse processo de transformação que ganhou o mundo, surgem também os novos "algozes" da sociedade baseada na produção de mercadorias e no lucro extraído do trabalho excedente: o proletariado ou, simplesmente, a classe trabalhadora. Porém, para exercer o controle sobre estes, tornou-se necessário a dinamização de um aparato mais sofisticado e eficaz para vigiar e punir (como dizia M. Foucault) essas novas ameaças à nova ordem vigente: a polícia. A instituição policial, vigilante e ostensiva 24 hs por dia é uma peculiaridade de um sistema onde a riqueza está materializada na propriedade privada dos meios de produção, na mercadoria e no dinheiro como fim em si mesmo. Sendo assim, é extremamente importante, para um sistema como esse, garantir a segurança total e ininterrupta dos locais onde ficam armazenadas esses tipos de riqueza, para evitar e combater o roubo, o furto, quebra-quebra, etc. Dentro deste novo quadro, os "escolhidos" para serem os mais temidos, indesejáveis, perigosos e que mais oferecem riscos a esse novo modelo de sociedade serão aqueles que não conseguem ou simplesmente se recusam a se submeter a essa nova ordem do trabalho: os desempregados, os mendigos, ociosos, etc. Para "oficializar" os novos inimigos da sociedade moderna a denominação para esses irá variar: vadios, malandros, pilantras, vagabundos e por aí vai... Mais uma vez a repressão, a coerção, a criminalização, o encarceramento e o extermínio desses "marginais" foi apontada como a solução para resolver essas graves ameaças à ordem, ao progresso do país e aos cidadãos de bem.<br /></div></em><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>Nos tempos atuais, o malandro já não existe mais, e o vadio... bem, como identificar e julgar alguém como vadio se 60% dos trabalhadores hoje em dia estão na informalidade, ou seja, não têm carteira assinada (a falta da carteira de trabalho, há alguns anos atrás, já caracterizaria crime de vadiagem)? Isso sem contar que o número de pessoas desempregadas e sem ao menos uma ocupação é simplesmente alarmante. Como, numa situação como esta, encontrar justificativas para continuar a exercer medidas de repressão e coerção sem que o Estado seja acusado de injusto, autoritário ou despótico? A solução, embora pareça complexa, foi muito simples: criminalizar a pobreza, principalmente aqueles que moram nos morros e favelas. Mas para que isso ganhasse um ar de legitimidade e legalidade a estratégia não foi de criminalizar o pobre pura e simplesmente, mas de associar o local onde ele habita ao terror imposto por um novo e moderníssimo grupo de selvagens, assassinos cruéis e sanguinários: os traficantes de drogas. A figura do traficante nessas localidades é o que permite que se exerça essa política de invasão e de extermínio, mesmo quando se sabe que ali funciona apenas uma parte do tráfico. E digo "parte" porque o tráfico não se inicia e nem termina nessas comunidades, é preciso ter bem claro que não se produz nem drogas e muito menos armas naqueles locais, e que a enorme quantidade de dinheiro que se arrecada nesse comércio da venda de drogas não fica embaixo do colchão do dono da Boca. O traficante é, portanto, o álibe que o Estado, que representa a classe dominante, tanto ansiou por encontrar para por em prática os seus mecanismos de manutenção da ordem, da disciplina e dos valores de uma burguesia caricatural, patética, incompetente e estúpida que se quer conseguiu forjar uma identidade própria e, se antes sonhava em ser européia, hoje sonha em ser estadunidense. </em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>Apenas para concluir, o tráfico serve para justificar, legitimar e reproduzir a criminalidade da pobreza sendo, por isso, "permitido" que se refugie nos morros, favelas e periferias. Ser pobre num sistema capitalista e neoliberal é ser ilegal. Daí o tráfico, atividade ilegal, ter o seu refúgio na pobreza. Deixá-los armados e provocar confrontos constantes com essa minoria armada, concretiza a imagem de alta periculosidade e selvageria a todos aqueles que ali residem, naturalizando o consenso de que não há outra forma de combater o crime senão pelo enfrentamento e a execução desses bandidos. E mesmo quando os assassinados são comprovadamente inocentes, ouvimos o secretário de segurança ou o próprio governador dizer que isso foi um "efeito colateral". Quem sabe não devemos ressuscitar aquele debate que houve entre Sepúlveda e Las Casas sobre se os índios tinham alma ou não, e discutirmos agora se o favelado é gente, coisa ou animal.<br /></div></em><div align="justify"><em>Publicado pela Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência. Enviado pelo Observatório das Violências Policiais, São Paulo</em></div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-26101031385101328002009-03-03T09:22:00.000-08:002010-02-26T17:15:53.050-08:00Berlusconi e o aumento do Estado - "ronda de cidadãos"Há cerca de 10 dias, o primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi, estabaleceu através de decretro a <strong>"ronda de cidadãos".</strong> Consiste em patrulhas civis onde ex-militares e policiais aposentados farão rondas pelas cidades, sem armas. O controle dos bandos ficará a cargo de cada prefeito. Tal <strong>medida foi tomada de maneira unilateral</strong> - sem passar por votação do Congresso. O decreto de emergência aumenta as sentenças por estupro; estabelece prisão perpétua para ataques sexuais que resultarem em morte; acelera os julgamentos relacionados a esses delitos; retira a possibilidade de prisão domiciliar e liberdade condicional para agressores; e oferece ajuda legal gratuita às vítimas.<br /><br />Ele já entrou em vigor e será submetido às duas Câmaras do Parlamento. Deve passar com facilidade, dada a maioria de Berlusconi no Legislativo. <strong>E por que a emegência das medidas? </strong>A <strong>resposta de Berlusconi</strong>, como de qualquer outro <strong>governante que busque inflar o poder do Estado (seu poder) e quase totaliza-lo, é: aumentar a segurança.</strong> É claro que o decreto teve total apoio da Lega Norte (partido xenófobo e protecionista).<br /><br />E quem seriam os terroristas que fizeram com que o Estado italiano passasse a vigiar mais de perto seus cidadãos? A resposta, como em qualquer governo fascistizante, é óbvia: <strong>os estrangeiros ilegais. </strong>Mas então o senhor Berlusconi está nos dizendo que a imensa maioria dos estupros foram cometidos por não italianos. Sim, os últimos casos de estupros foram ligados a grupos estrangeiros, veja bem, ligados, mas não confirmados. <strong>Ora pois, nesse Estado policial não seria o decreto uma nova medida para controlar os estrangeiros?</strong> Vide "Era Bush" e o aumento do poder do Estado em detrimento das liberdades individuais, vividos por causa da "guerra ao terror". Ou até mesmo no ínicio da proibição da maconha, que nos EUA serviu de argumento para perseguir mexicanos. Ou Hitler com os judeus. Ou Sarkozy e seus aviões lotados de imigrantes enxotados da França. Todas medidas para combater minorias em nome da segurança pública - papo furado para cumprir outros interesses.<br /><strong></strong><br />Isso fica claro ao cruzarmos esse decreto com outras medidas tomadas pelo governo italiano contra imigrantes. Entre elas: um projeto de lei que permite aos médicos denunciar estrangeiros em situação irregular e outro que prevê pena de até 4 anos para os ilegais que não obedecerem à ordem de expulsão. Agora, ser clandestino é um crime. Silvio Berlusconi já se referiu aos imigrantes ilegais como "exército do mal" e desde seu primeiro discurso põe lenha na xenofobia européia.<br /><br />Nada melhor do que, em meio a crise, espalhar medo e insegurança em seu território. Nada melhor para Berlusconi, é claro. Cidadãos com medo fazem coisas terríveis - elegem Hitler, Mussolini, Bush e Sarkozy. Silvio já cumpre seu terceiro mandato como primeiro-ministro, sempre <strong>buscando aumentar seus poderes e fabricando inimigos</strong> - vá perguntar a um romeno como está a vida na Itália. Em 2008 foi realizado um censo para fichar os chamados "romas" (imigrantes romenos) e expulsar os ilegais. Pois bem, a Itália é membro da União Européia, portanto tais imigrantes tem o direito assegurado de residir na "velha bota". Berlusconi não liga pra isso e a UE também parece não dar muitos ouvidos aos deputados romenos que acusam o governo italiano de xenofobia.<br /><br />Essa guinada à direita mostra a insegurança do cidadão europeu que busca apoio no Estado, que por sua vez semeia mais medo. Para eles, é o estrangeiro que vai te tirar de seu emprego, não um governo incompetente ou especuladores financeiros que estouram bolhas por aí. <strong>Fica mais fácil dar uma cara ao "inimigo".</strong> Vira um ciclo vicioso, um teatro absurdo. Está para surgir um país que não tenha sido construído somente por nativos, pois todos somos descendentes de imigrantes. Em todas as árvores genealógicas existe alguém que mudou de território e buscou uma nova vida. Até hoje, o movimento de seres humanos no mundo é o que o faz girar.<br /><br />Será que a insegurança econômica irá nos conduzir a um novo fascismo?<br />Olho neles!Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-26161261784778321392009-03-03T09:11:00.000-08:002009-03-03T09:14:17.226-08:00Charge de Latuff - "ditabranda" Folha de S. Paulo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1w-753Ucq9dIYVThf7PIu6Z1MpQFX0LwfuutjxsS4CehdP7MOHnERpjh2-nAs3iOQZ4hrMpXRNAlli6s6MsUkgrISFqAeNa60PXWcZgC4ffDfpk789vIZCyXyzflOj6qZ43aYzEQX8rUV/s1600-h/herzog.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5309010980282713234" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 251px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1w-753Ucq9dIYVThf7PIu6Z1MpQFX0LwfuutjxsS4CehdP7MOHnERpjh2-nAs3iOQZ4hrMpXRNAlli6s6MsUkgrISFqAeNa60PXWcZgC4ffDfpk789vIZCyXyzflOj6qZ43aYzEQX8rUV/s400/herzog.gif" border="0" /></a><br /><div></div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-60290015833982453172009-03-03T08:56:00.001-08:002009-03-03T09:11:32.075-08:00Manifesto contra "ditabranda" da Folha de S. Paulo<em>Ante a viva lembrança da dura e permanente violência desencadeada pelo regime militar de 1964, os abaixo-assinados manifestam seu mais firme e veemente repúdio a arbitrária e inverídica revisão histórica contida no editorial da Folha de S. Paulo do dia 17 de fevereiro de 2009. Ao denominar ditabranda o regime político vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direção editorial do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratização do pais. Perseguições, prisões iníquas, torturas, assassinatos, suicídios forjados e execuções sumárias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no período mais longo e sombrio da história polí­tica brasileira. O estelionato semântico manifesto pelo neologismo ditabranda e, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pos-1964.<br />Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a Nota de redação, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro (p. 3) em resposta as cartas enviadas a Painel do Leitor pelos professores Maria Victória de Mesquita Benevides e Fabio Konder Comparato. Sem razões ou argumentos, a Folha de S. Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrários e irresponsáveis a atuação desses dois combativos acadêmicos e intelectuais brasileiros. Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante as insólitas críticas pessoais e políticas contidas na infamante nota da direção editorial do jornal.<br />Pela luta pertinaz e consequente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fábio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro.<br /></em><br />link para o abaixo assinado: <a href="http://www.ipetitions.com/petition/solidariedadeabenevidesecomparat/signatures.html" target="_blank" rel="nofollow"><span style="color:#3366ff;">http://www.ipetitions.com/petition/solidariedadeabenevidesecomparat/signatures.html</span></a>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-53813190601845357972009-02-27T16:53:00.000-08:002009-02-27T18:10:08.734-08:00Battisti e o cinismo de Berlusconiretirado do sítio <a href="http://altamiroborges.blogspot.com/">http://altamiroborges.blogspot.com/</a><br /><br />por <strong>Altamiro Borges</strong><br /><br /><em>O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, tem feito violenta pressão sobre o governo Lula para reverter a decisão – legal, legítima e soberana – de conceder asilo político ao escritor Cesare Battisti. O jogo é sujo, bem ao estilo do neofascista que hoje comanda a Itália. Neste esforço, ele tem o apoio de parte da mídia brasileira, sempre tão servil às potências capitalistas. A pressão é pura bravata. O midiático Berlusconi tenta reviver os piores instintos do período da “guerra fria” para alimentar falsos sentimentos nacionalistas e ofuscar os efeitos da crise econômica no país.<br /><br />Um amigo ítalo-brasileiro, sempre bem informado, mas que prefere o anonimato, realizou rápida pesquisa que comprova a “dupla moral” de Berlusconi. O primeiro-ministro seria “extremamente seletivo em exercitar pressão política para obter a extradição de réus ou condenados pela justiça italiana que se encontram em outros países”. Há cerca de 50 foragidos italianos com pedidos de extradição em várias partes do mundo, mas o escarcéu nem se compara ao promovido contra o governo Lula. Entre os casos pesquisados, um é bastante revelador do cinismo de Berlusconi:<br /><strong></strong><br /><strong>Advogado dos terroristas de direita</strong><br /><br />O caso emblemático envolve Delfo Zorzi, 62 anos, ex-líder da seita neofascista “Ordine Nuovo”, que promoveu, nos anos 60 e 70, inúmeros atentados à bomba, “beneficiando-se da proteção do serviço secreto italiano que, por sua vez, tinha ligações com as ‘operações encobertas’ da CIA no país”. A agência dos EUA implantou na Itália, na década de 50, uma rede clandestina chamada “Gládio” para realizar atentados e organizar milícias armadas. Zorzi foi condenado em primeiro grau, e depois absolvido, pelo atentado da Piazza Fontana, em Milão, em 1969, que resultou em 17 mortos e 84 feridos. Atualmente, está sendo processado pelo atentado em Brescia, em 1974, contra uma manifestação sindical antifascista, que causou oito mortes e mais de 90 feridos.<br /><br />Zorzi vive há anos no Japão, onde se naturalizou e tornou-se um rico empresário do setor têxtil. “O pedido de extradição feito ao Japão jamais foi atendido, nem o governo italiano fez muito para isso. Detalhe: o defensor de Zorzi é o advogado (e deputado do ‘Forza Itália’, partido do governo) Gaetano Pecorrella, que vem a ser também um dos advogados pessoais do próprio Berlusconi. Outro detalhe: vários ex-integrantes do ‘Ordine Nuovo’ são hoje militantes da AN (o partido herdeiro dos neofascistas do Movimento Sociale Italiano – MSI) e da ‘Lega Nord’, um partido xenófobo. NA e Lega são aliados de Berlusconi e integram seu governo”.<br /><strong></strong><br /><strong>Protetor dos agentes da CIA</strong><br /><br />Num caso mais recente, que também evidência a “dupla moral” do primeiro-ministro, juízes de Milão solicitaram, em 2006, a extradição de 26 agentes da CIA que seqüestraram o egípcio Abu Omar, acusado de ligações com Al Qaeda. Ele foi uma das vítimas da “extraordinary renditions”, as prisões ilegais efetuadas pela CIA durante a “guerra global contra o terror” patrocinada pelo ex-presidente Bush. Omar foi detido ilegalmente na Itália e torturado durante meses em prisões clandestinas. Pela lei italiana, o seqüestro é considerado uma grave violação do código penal do país e da convenção européia dos direitos humanos, que proíbe prisões ilegais e torturas. “Até agora, o governo italiano não moveu uma palha para obter a extradição dos agentes da CIA”.<br /><br />Berlusconi é realmente seletivo. Não faz qualquer alarde contra os asilados políticos da extrema-direita nem contra os agentes da CIA que invadiram ilegalmente o país. Também evita confusão com os governos europeus, que nem levam a sério este fanfarrão neofascista. O barão da mídia italiana, hoje primeiro-ministro, faz escarcéu contra o Brasil, procurando desqualificar o governo e a justiça brasileira. Ele sabe que conta com o apoio da direita nativa e da mídia, que tudo fazem para atacar o presidente Lula. É puro jogo de cena, que visa reforçar as tendências fascistizantes em curso na Itália. Não é de estranhar a ironia que os romances de Battisti sejam publicados no país pela Editora Einaudi, de propriedade de Berlusconi. Ele é, de fato, um cínico midiático.</em>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-582074112978528252009-02-27T10:51:00.000-08:002009-03-02T16:07:41.698-08:00Mais uma vítima de xenofobia na EuropaNão é de hoje e nem só no Velho Continente que a xenofobia é praticada. Em especial, em meio à crise financeira os países tendem a se fechar, proteger seu "patrimônio". Assim, muitas vezes esse medo de perder tudo e o anseio por mais segurança acabam impulsionando manifestações xenófobas. Vale lembrar que o desemprego do "colarinho branco" já colaborou com a ascensão do fascismo nesse mesmo continente.<br /><br /><strong>Vítima de preconceito</strong> na <strong>Itália, hoje de Berlusconi e ontem de Mussolini</strong>, o jogador brasileiro <strong>Amauri</strong> (centroavante da Juventus de Turim) declarou em entrevista à revista semanal <em>Gioia</em>:<br /><br /><em><strong>"Também aconteceu comigo. Faz algum tempo, em uma loja me acusaram de ter tentado roubar uma baguete de pães</strong><strong>. Eu estava apoiando [a baguete] sobre uma plataforma perto da saída, a porta automática se abriu e a dona queria chamar a polícia. Eu não havia feito nada, simplesmente era estrangeiro e não falava um italiano perfeito"</strong></em><br /><br />Para quem tem memória e um pouco de bom senso é no mínimo absurdo qualquer ato de xenofobia. A Itália, por exemplo, foi unificada em 1871. Até então não existia o idioma italiano e muito menos um cidadão italiano. Berlusconi, a exemplo de Mussolini, retoma um "mito fundador" italiano, no qual a Itália é herdeira direta dos etruscos - povo fundador de Roma. Isso é no mínimo estúpido se colocarmos a cabeça pra trabalhar. Vamos lá, <strong>quantos "não etruscos" passaram pela Roma Antiga durante toda a sua existência? Quantos se reproduziram com "não etruscos" ou "não romanos"? Quantos povos "bárbaros" invadiram Roma? O que é ser "italiano"?</strong><br /><br />Ao buscar tais respostas fica claro o absurdo da xenofobia. Esse é só o exemplo italiano. Ainda retomemos a unificação tardia do país. <strong>Quais interesses fizeram com que em 1871 a Itália fosse unificada?</strong> A resposta é simples, pois reflete o ocorrido na maioria dos países: interesses comerciais e políticos. No caso italiano, Piemonte - reino industrializado e o mais rico - patrocinou a unificação "por cima" (aliança entre monarquistas e burgueses industriais), a velha ordem de mãos dadas com a nova (como ocorreu por aqui), onde Cavour (primeiro ministro de Piemonte e representate da burguesia industrial) fez alianças com Estados vizinhos, com o rei francês Napoleão III e acabou selando a unificação ao colocar o rei Vitor Manuel II no trono do novo país. Troca de "favores" deslavada.<br /><br />Assim a unificação tomou seu corpo, ainda sim a amada Roma estava fora do território italiano. Com o patrocínio da burguesia local e de Estados vizinhos, que viam com maus olhos o agitamento político (anti-monarquista) no sul da Itália, diversas revoltas foram combatidas e em 1871 a Itália já contava com a cidade de Roma e Veneza. Mas foi só em 1929, partido fascista já no poder, que o Vaticano "aceitou" a nova Itália.<br /><br />Imaginem, <strong>um dia você é de um lugar</strong>, busca sua identidade nas pessoas com que convive e no mundo a sua volta. <strong>No outro, você é "italiano" herdeiro da tradição etrusca</strong>. Uma verdadeira piada, que logicamente veio acompanhada das mais diversas obras intelectuais que comprovassem a tal herança - intelectuais precisam ser patrocinados, idéias não enchem a barriga! E os patrocinadores da unificação não entraram para perder. Outro ingrediente que é recorrente nas unificações dos chamados Estados Modernos é a guerra - vide unificação italiana e a guerra contra o Império Austríaco. Essa foi a farsa do <a href="http://www.acessa.com/gramsci/?id=658&page=visualizar"><em>Risorgimento </em>italiano </a>- link para texto sobre Gramsci (estudou a fundo o período) e o <em>Risorgimento</em>.<br /><br />Ao analisar a história é possível ver a sua construção e seu movimento, deixando claro que nem sempre o que é dito e propagandeado condiz com a realidade. A Europa, como todos os outros continentes, também é uma "mistureba danada". Pensemos até em nossas próprias famílias, <strong>quantos de nossos ascendentes foram imigrantes?</strong> Inúmeros. O nacionalismo acaba se tornando um conceito burro, pois foi fruto de uma construção minuciosa que ligou fatos históricos para buscar uma identidade nacional até então inexistente. Com isso, diminuir alguém por ser de outro país (também uma construção) é uma grande estupidez. No fim, acabamos todos "palestinos".Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-24537763285709507212009-02-26T08:26:00.000-08:002009-02-27T18:10:48.453-08:00A verdadeira face da Folha de São PauloTexto retirado do sítio <a href="http://www.revistaforum.com.br/">http://www.revistaforum.com.br/</a><br /><br />por <strong>Hamilton Octavio de Souza</strong> - jornalista e professor da PUC-SP<br />25.02.2009<br /><br /><em>Depois de cometer um erro político histórico imperdoável e de agredir grosseiramente seus leitores – inclusive dois respeitados professores universitários e intelectuais - a Folha de S. Paulo – o jornal diário brasileiro de maior tiragem – tem sido alvo de justo e indignado protesto democrático, por meio de cartas, mensagens na internet e abaixo-assinados. Poucas vezes um jornal foi tão repudiado nos últimos tempos, embora tenha deixado de publicar em suas páginas as inúmeras manifestações de pessoas e entidades.<br /><br />Primeiro, no dia 17 de fevereiro, em um editorial raivoso contra o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chamado o tempo todo de “ditador”, o jornal se referiu à ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) pela alcunha de “ditabranda”, como se os 21 anos de terror do Estado vivido pelo povo brasileiro pudesse ser amenizado ou apagado da história.<br /><br />Segundo, nos dias seguintes a redação do jornal contestou leitores que prostetaram contra o termo “ditabranda” dizendo que a ditadura brasileira não havia atingido níveis de violência como outras ditaduras na região – mais uma vez para amenizar e minimizar o estrago do regime que vitimou o Brasil de 1964 a 1985 e que deixou feridas não cicatrizadas e danos políticos, econômicos e sociais não superados até hoje.<br /><br />Terceiro, em nota sobre as várias cartas enviadas para a coluna dos leitores, o jornal chama de “cínica e mentirosa” a legítima e corajosa indignação dos professores Fábio Konder Comparato e Maria Victória Benevides, ambos da USP, conhecidos e respeitados por seu brilhante trabalho acadêmico e sua intensa militância democrática.<br /><br />Essa “Nota da Redação”, no dia 20 de fevereiro, serviu como estopim em pleno Carnaval: em poucas horas, inúmeros protestos e abaixo-assinados começaram a circular na internet, inclusive cópias de cartas e de mensagens enviadas à própria Folha de S. Paulo – todas contendo manifestações indignadas contra a distorção histórica do jornal e contra o tratamento autoritário e desrespeitoso dado aos seus leitores.<br /><br />Ao mesmo tempo foram veiculados em diferentes sites e blogs de jornalistas políticos notas e artigos sobre a própria trajetória histórica da Folha de S. Paulo, lembrando que o jornal apoiou o golpe de 1964, colaborou com a ditadura civil-militar, emprestou carros para o transporte de prisioneiros e torturados da Oban-Doi-Codi, entregou o controle do jornal Folha da Tarde para policiais ligados à repressão política e defendeu a candidatura do general “linha dura” Silvio Frota – no momento em que a sociedade brasileira lutava pela redemocratizaçã o do País.<br /><br />Na verdade, entre os jornalões da grande imprensa empresarial burguesa, a Folha de S. Paulo tem sido o mais eficiente na arte da enganação de seus leitores e admiradores – em especial daqueles que desde o início dos anos 80 consideram o diário paulistano um veículo mais democrático e mais aberto às idéias progressistas do que os seus concorrentes O Estado de S. Paulo, O Globo, Jornal do Brasil, Zero Hora, Correio Braziliense e outros de menor expressão.<br /><br />Puro engano. O marketing do jornal incorporou a exploração do projeto de distensão da ditadura como um ingrediente para alavancar as vendas, ampliar o leque de sustentação política ao jornal (“à esquerda do Estadão”) e “limpar a barra” de sua ligação íntima com a ditadura civil-militar.<br />Fez parte desse esquema de marketing a abertura das páginas de opinião do jornal para articulistas e colaboradores do campo democrático durante algum tempo e o apoio ao movimento das eleições diretas, em 1984 – quando a Folha de S. Paulo superou seus concorrentes em tiragem e vendas.<br /><br />No entanto, qualquer observação mais cuidadosa das páginas do jornal, hoje, permitirá identificar que a grande maioria dos articulistas e colaboradores está organicamente vinculada ao pensamento de direita, neoliberal – entre os quais vários empresários, executivos de multinacionais, acadêmicos conservadores e jornalistas confessadamente alinhados com o pensamento dominante. A Folha de S. Paulo não é nem de longe um jornal democrático, muito menos um jornal que tenha a ver com as lutas dos trabalhadores e com as transformações políticas, econômicas, sociais e culturais que o povo brasileiro precisa e merece.<br /><br />A verdadeira face da Folha ainda tem a ver com a ditadura civil-militar de 1964-1985, que só é “ditabranda” nos editoriais do próprio jornal.<br /></em>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-16613585639327943992009-02-20T06:54:00.000-08:002009-03-13T12:36:29.659-07:00Netanyahu vence - Chora a Palestina!De acordo com nota emitida pelo gabinete do presidente Shimon Peres:<br /><br /><strong>"O presidente tomou sua decisão no que diz respeito à formação do governo e a presidência convocará o deputado Benjamin Netanyahu (...) para lhe confiar esta tarefa"</strong><br /><strong></strong><br />Como previsto, vitória da direita no parlamento. O direitista Likud (partido de Netanyahu) conseguiu um total de 65 cadeiras , isso através de coalizões com partidos de ultra-direita e de judeus ortodoxos. Essa guinada à direita só aumentará a instabilidade na região, tanto dentro quanto fora de Israel. Assim, árabes israelenses sofrerão as consequencias no país e árabes palestinos fora dele.<br /><br />Ao contrário da centrista Livni (Kadima) que apresenta um discurso de paz entre dois Estados, Palestina e Israel, <strong>o líder do Likud não abre mão da hegemonia israelita na região</strong>. Defende a supremacia judaica de povo escolhido por Deus. Porém, não podemos nos enganar com esse discurso de Livni, ela, atual ministra das relações exteriores, apoiou a última ofensiva sobre Gaza e tem opinião parecida com Netanyahu quando o assunto é o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Hamas">Hamas</a>. Negociaria paz com o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Fatah">Fatah</a>, para o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Hamas">Hamas</a> sobrariam manifestações de poder militar e mais mortes na região. Vale lembrar que o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Hamas">Hamas</a> foi eleito em 2006, mas desde então o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Fatah">Fatah</a> não reconhece seu governo e mantém conflitos armados contra o grupo. Livni, com 28 cadeiras, formará a oposição no parlamento de Israel.<br /><br />Quando compôs governo, entre 1996 e 1999, <strong>Bibi Netanyahu ignorou acordos de paz e retomou em grande escala a formação de colônias israelenses em território palestino</strong>. Assim, podemos esperar uma nova ofensiva em Gaza e a não retirada das colônias judaicas na Cisjordânia. O plano de varrer árabes continuará. Até quando o mundo ficará de braços cruzados a esse <strong>"novo" "apartheid"?</strong>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-55496551903211416822009-02-18T11:13:00.000-08:002010-02-26T17:28:29.116-08:00O "Mundo Segundo a Monsanto" legendado<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjrR7AdfF1nMdGeXydeTnzSltZ0gVorWV7YsWBTA4tqFwKWBTQfEZpHRQJZO0i5o11F8cv-2j8_2WnwT3KPHMZyfIj5dPCPTEk3zSYjwsrjKbWZKwSdt_aK42g5SIn1rSrkcnIcuDOo0RA/s1600-h/monsanto3.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5304252803444136610" style="display: block; margin: 0px auto 10px; width: 400px; height: 277px; text-align: center;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjrR7AdfF1nMdGeXydeTnzSltZ0gVorWV7YsWBTA4tqFwKWBTQfEZpHRQJZO0i5o11F8cv-2j8_2WnwT3KPHMZyfIj5dPCPTEk3zSYjwsrjKbWZKwSdt_aK42g5SIn1rSrkcnIcuDOo0RA/s400/monsanto3.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5CZ59PDS1zooLkkX5uWnKlm3CcgqNEgHepAubGrnajV2XfyL_L8dUX2uYUWRrxQqRflYZ7NUy5jLokHy7k-o_gO4DWmb6FR9_SNUK5vvdfDCLJpgnMdqILXY4a8nsHl85Yy7VQqn_p3vl/s1600-h/monsanto3.jpg"></a><br /><br /><div>Segue link para o documentário da jornalista francesa Marie-Monique Robin. O filme, baseado no livro de mesmo nome, investiga o que está por trás da engenharia genética aplicada aos alimentos. Mostra não só as <span style="font-weight: bold;">"maracutaias" armadas pela Monsanto para ter seus produtos aprovados sem os devidos testes</span>, mas também retrata a <span style="font-weight: bold;">devastação social</span> que tais produtos provocam no campo. Muitos pequenos agricultores não tem condições de arcar com os custos dos herbicidas necessários para cultivar os trangênicos, na Índia <span style="font-weight: bold;">mais de mil pequenos agricultores se suicidaram por não conseguirem bancar a produção</span>. Outro ponto importante é o fato de uma única empresa ter controle de mais de 90% do mercado de sementes do mundo. Se por acaso a sua planta "cruzou" com uma transgênica devido a ação dos ventos, a nova semente transgênica será de propriedade da Monsanto e você deverá pagar royalties à ela.<br /><br />Essa é uma empresa especializada em química, que assim como a Bayer, partiu para o ramo dos alimentos com um plano bem estruturado, algo passível de filme sobre teoria da conspiração. Simplesmente, é impossivel frear a proliferação dos trangenicos através da natureza, e isso a Monsanto sabe. Vale a pena assistir a esse belo trabalho de investigação que passa por EUA, Índia, México, Argentina e Brasil. Ainda mostra documentos e provas concretas contra a Monsanto, como manda o "bom jornalismo". Só a narrativa através do PC e internet que pode causar cara feia em alguns, mas isso não compromete nem um pouco a seriedade do trabalho - foi só um recurso técnico pra tornar a coisa mais interessante. Assistam e pensem a respeito. Nosso alimento está acabando, essa é a mais pura verdade. Os grãos naturais são cada vez mais substituídos por transgênicos. Esses grãos mutantes e seus herbicidas especiais podem estar diretamente ligados ao aumento nos casos de câncer e parkinson entre agricultores. Na Europa, colocaram um selo nos produtos que contém transgênicos, <span style="font-weight: bold;">por aqui você nem escolha tem</span>. E o governo brasileiro já aprovou algumas espécies de soja e milho mutantes, isso pode levar ao fim da diversidade alimentícia e ao fim dos alimentos livres de engenharia genética. Então, vem as mulheres da <span style="font-weight: bold;">"Via Campesina"</span> destruindo laboratórios de pesquisa transgênica e a imprensa brasileira as retrata como criminosas. Qual seria o verdadeiro crime? Quem está defendendo a sua saúde? Para pensar...<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Documentário dividido em 12 partes</span>. Segue o link:<br /><a style="color: rgb(51, 102, 255);" href="http://www.youtube.com/watch?v=DCx4Dg6t2Mo&feature=PlayList&p=9C1B9A62EF89D34A&index=0&playnext=1">Mundo Segundo a Monsanto</a><br /><br />Veja também:<br /><br /><a style="color: rgb(51, 102, 255);" href="http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI20603-15254,00-MARIEMONIQUE+ROBIN+A+MONSANTO+NAO+E+CONFIAVEL.html"><span style="font-weight: bold;">Entrevista</span> realizada pela revista "Época" <span style="font-weight: bold;">com a autora do livro e documentário</span></a></div></div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-31382834950201606652009-02-12T09:23:00.000-08:002010-02-26T17:33:46.688-08:00Manu Chao - Show de Sampa - 11/02/09<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpChTLXa-jhhIic_nVyHVtrfr13Lp-Rzisch2zbUjy9TKU0jQxQ0EGdnqyj-yzauSqZ4fFAjhF3zWrn0WEzmtOFdhL47z4cnX-mR-itXgugbGOuMgNHNXGsZqMjJYsuBI1qjnV0bx9EH2B/s1600-h/manu-chao-radiolina.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302019935250454178" style="margin: 0px auto 10px; display: block; width: 400px; height: 276px; text-align: center;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpChTLXa-jhhIic_nVyHVtrfr13Lp-Rzisch2zbUjy9TKU0jQxQ0EGdnqyj-yzauSqZ4fFAjhF3zWrn0WEzmtOFdhL47z4cnX-mR-itXgugbGOuMgNHNXGsZqMjJYsuBI1qjnV0bx9EH2B/s400/manu-chao-radiolina.jpg" border="0" /></a><br /><div><div><div><br /></div><div align="justify">E Manu Chao está de volta! Após mais de 2 anos longe dos palcos brasileiros, o show de São Paulo, Espaço das Américas, marcou a primeira apresentação da nova turnê "La Radiolina + Radio Bemba" no Brasil, serão 7. O "franco-espanhol" (filho de espanhóis que fugiram da ditadura de Franco, refugiando-se na França) e sua trupe cosmopolita ainda passarão por Salvador (13), Aracaju (14), Brasília (16), Curitiba (17), Rio de Janeiro (19) e Balneário Camboriú (20). Como de costume nos últimos anos, Manu se apresentou com a sua Radio Bemba dos talentosos: David Bourguignon (bateria), Gambeat (baixo), Madjid (guitarra), Philippe "Garbancito" Teboul (percussão), Julio Lobos (teclados) e Angelo Mancini (trompete).<br /><br />Manu e banda aprovaram. As mais de 2 horas e meia de show não me deixam mentir e tornam a tarefa de enumerar canção por canção praticamente impossível. <em>Mejor asi!</em> A ordem não importa, aliás, ordem é justamente o que não combina com o ocorrido na noite de ontem. Caos! Uma desordem harmoniosa. Para variar, elementos dançantes, pulantes, gritantes e socantes todos rebatendo o som dos instrumentos daqueles que tornaram a festa possível e inesquecível, um organismo independente. Letras carregadas de sentimentos, temas políticos e sociais foram cantadas em espanhol, português, inglês e francês combinadas com a mistura sonora que passa pela rumba, mambo, reggae, flamenco, bolero e cai num punk rock furioso. Diversos mundos em um só, diversos povos lembrados através da sonoridade da banda e diversos punhos ao ar em tom de protesto! Essa é a passagem até o punk rock, momento em que a fúria entra em cena e contagia os presentes. Quando começa a marcação forte, veloz e cadenciada é hora de lavar a alma e suar todas as tristezas em uma luta que não pode deixar a esperança morrer.<br /><br />Além do punk rock bem executado, vale destacar a guitarra espanhola (mesmo paletada) tocada por Madjid - conquistou corações e muitas vezes deu o tom da festa. Como também o trompete limpo de Angelo Mancini, que combinado à percurssão de Garbancito (ex-Mano Negra) trouxe a latinidade e o toque metálico necessários para tornar um show do Manu Chao completo. Além disso, deve-se fazer justiça à incansável "cozinha" formada por Gambeat (baixo) e David Bourguignon (bateria), realmente incansáveis. Haja tendão para aguentar tanto tempo de show! O tecladista não ficou pra trás, Julio Lobos mostrou seu talento e resistência, tocou melodias, produziu efeitos, enfim, não daria pra imaginar o show sem a sua presença, pois o que seria de Manu Chao sem as sirenes, bombas, vozes e todos os outros efeitos que se somam aos instrumentos convencionais?<br /><strong></strong><br /><span style="font-size:130%;"><span style="font-size:100%;"><strong>E foi uma festa! </strong></span><br /></span><br /><span style="font-size:100%;"><strong><em>Infinita Tristeza, pero eterna Esperanza!</em></strong></span><br /><br />O repertório passou por faixas do último álbum (La Radiolina-2007) como: <em>Amalucada Vida</em>, <em>Politik Kills</em> e <em>A Cosa.</em> E ainda não deixou faltar outros sucessos da carreira do "franco-espanhol-latino-americano-cidadão-do-mundo", até rolaram algumas versões do Mano Negra (antiga banda de Manu) para os mais nostálgicos - como <em>Mala Vida</em> e<em> Casa Babylon</em>. A banda abriu com <em>El Hoyo</em>, do último álbum. De início o público já se animou com esse músico que vem do "hoyo (buraco) de la gran ciudad" e sabe dar uma festa como poucos. Uma festa de alegria e melancolia, a <em>Infinita Tristeza</em> ao lado da eterna <em>Esperanza!</em> Tristeza pela situação mundial. Esperança por um bom futuro.<br /><br />E foi assim, mesclando letras e melodias tristes com ritmos fortes e dançantes a apresentação nunca perdeu seu principal fio condutor, a alegria melancólica daqueles que vivem num mundo desconcertado e anseiam por mudanças sociais e políticas. Mundo onde um ser humano pode ser ilegal - <em>Clandestino</em>. Onde existe uma Tijuana arrasada, "playground" para turistas liberarem seus impulsos "baconianos" e depois voltarem pra casa, pro conforto do lar. Deixam a cidade em ruínas, o próprio Estado mexicano faz vista grossa e deixa o território à mercê do narcotráfico e da prostituição - uma terra de bandidos e balaços. Manu cantou tudo isso. </div><div align="justify"><br /><em>Bienvenida a Tijuana</em> (Clandestino-1998) emocionou. Isqueiros ao ar e muitos entendem a mensagem, uma pena que tantos outros claramente não estavam entendendo muita coisa e só queriam encarnar nos mesmos turistas que vão a Tijuana. "<em>Bienvenida mamacita/ I'm in ruta Babylon/Bienvenida la juana/Tequila, sexo, marihuana", Infinita Tristeza! </em><br /><br />Cantando os desconcertos da América Latina, seus personagens e sentimentos (também pessoais) , Manu se expressa e se entrega por inteiro. Ele que com suas andanças já se tornou uma parte da rica região, verdadeiro catador de sonhos. Seja com o <em>Peligro</em> cantado acerca dos bairros da Guatemala e Nicaragua, ou com a dominante <em>Mentira </em>(ou seria "mentira dominante"?), não importa, todos os sons e palavras ecoam nos quatro cantos, tocam tanto latinos quanto palestinos e africanos, simplesmente abrigam todos os mundos do planeta. O neoliberalismo e sua competição voraz derrubou as fronteiras do mercado, mas ergueu fronteiras entre os homens e semeou insegurança. Manu enxerga e grita socorro em meio a solidão coletiva que vivemos na cidade cinza. Por isso, <em>"Hey Bob Marley! Sing something good to me/ this world go crazy/ its an emergency" </em>E <em>Mr.Bobby</em> fez todo mundo cantar, o hit é conhecido e até os mais perdidos tinham tudo na ponta da língua. Palavras que reúnem a tristeza, o desespero, mas não calam a voz da esperança. A festa ficou ainda mais bonita.<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3EVdTSrYa20Q7UZXhUNK2dZfwJePTMbuNK6HldsIUBiOaXhDa6u2ULXLbWJlZ3Y5i6hCjgEwdn4xSWr7rYu4avyXfa4Vnu7aO6z78MCvHYuIvG54zIxt1o80XIAJNHM5dcqCvM0M-9Jgg/s1600-h/granbailedecalaveras.gif"></a></div><div><br /></div><div><span style="font-size:100%;"><strong>Baile de <em>Calaveras</em>!</strong></span><br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9FdMKxIN1e1FnoXNbZTSjcWv9GDLtyC8rhvGRayHZlZuy5a7ucxQuYKnH2ELh25EWfogUHNo_in4lP4kzl_Pq8c_IPEHn6oDb3Kciy_TUoFWuLyzA99s7o6dSiY6EidcWQA0ACFHAD4a8/s1600-h/granbailedecalaveras.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302092103348469794" style="margin: 0px 0px 10px 10px; float: right; width: 200px; height: 120px;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9FdMKxIN1e1FnoXNbZTSjcWv9GDLtyC8rhvGRayHZlZuy5a7ucxQuYKnH2ELh25EWfogUHNo_in4lP4kzl_Pq8c_IPEHn6oDb3Kciy_TUoFWuLyzA99s7o6dSiY6EidcWQA0ACFHAD4a8/s200/granbailedecalaveras.gif" border="0" /></a></div><div align="justify">Ali, logo de cara, quando todos se colocaram a dançar e pular teve ínicio um verdadeiro baile de <em>calaveras,</em> uma celebração<em> </em>de iguais e pela memória dos esquecidos. Não importa o que estavam vestindo, sua preferencia sexual, sua cor de pele. Do pó e para o pó, somos<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmr3PCMVyeHC8XUljWhIqit-CsoNyCN4GmdzFxQ-efvV6juklchvzrdAapLTzUcowm4wBvVp_nxj72VWQ-vyjvgPwgxyTlW1nbUgHl8KE_oml-osxmXzHqis3L11a4oAs6dneMR2ciaq1b/s1600-h/granbailedecalaveras.gif"></a> apenas humanos e sangramos todos. Essa era a consciência a ser atingida, ela estava lá, pairando no ar sobre as cabeças dos mais de 7 mil esqueletos que chacoalharam os ossos até quase caírem esgotados. Essa herança Manu traz do México e da maneira com que esse povo lida com a morte, da percepção de que ela é apenas uma parte da vida, a parte que nos traz a certeza de sermos iguais, apenas comida de vermes. E todos bailaram <em>Lo Peor de la Rumba</em>, a <em>Rumba de Barcelona e La Despedida</em> tudo na sequência,<em> </em>difícil não cair no ritmo.<br /><br />Assim, contagiados e extasiados, os paulistanos, bolivianos, espanhóis, alemães, mexicanos e toda a "Torre de Babel" reunida ontem celebrou a vida e a morte, a tristeza e a alegria. Tudo reunido em um coração que não cansa de bater, e Manu batia o microfone no peito incontáveis vezes. Eram batimentos cardíacos daquele que é consciente do mundo em que vive, escreve, viaja, busca um ideal e luta, mas sempre em ritmo de festa e com o coração aberto. <em></em>E ele agradeceu inúmeras vezes, não queria deixar o palco, sempre voltava para mais. No fim, todos deveríamos ter agradecido a ele e a banda pelo acontecido. Em tempos de crise nesse mundo tão insensato, esses músicos trazem um lampejo de esperança consigo. Então, que dancemos, pensemos e agradeçamos. Manu y Radio Bemba, <em>Me Gustas Tu! Gracias!</em></div></div></div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-80223500636411569892009-02-12T08:38:00.000-08:002009-02-19T07:09:29.090-08:00Eduardo Galeano: Sensatez acerca de Gaza<div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">O escritor uruguaio Eduardo Galeano publicou um belo artigo de opinião em 16/01/09 sobre o atual massacre sionista em Gaza. Mais uma voz sensata nessa imensidão de "sem razão". O texto se encontra em vários portais, entre eles o <a href="http://www.brecha.com.uy/alter/index.php?option=com_content&task=view&id=585&Itemid=70" target="_blank">Brecha Digital</a> e o <a href="http://www.kaosenlared.net/" target="_blank">Kaosenlared</a>. A tradução para o português feita por Katarina Peixoto se encontra no blog <a href="http://www.rsurgente.net/2009/01/eduardo-galeano-quem-deu-israel-o.html" target="_blank">RS Urgente</a> e a copio abaixo:<br /><br /><br /><em>Para justificar-se, o terrorismo de estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, acabará por multiplicá-los.<br /></em><br /><em>Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. Quando votam em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006. Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.<br /></em><br /><em>São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre as terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à margem da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há muitos anos, o direito à existência da Palestina.<br /></em><br /><em>Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a pilhagem, em legítima defesa.<br /></em><br /><em>Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel devorou outro pedaço da Palestina, e os almoços seguem. O apetite devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à espreita.<br /></em><br /><em>Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros.<br /></em><br /><em>Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não conseguiu bombardear impunemente ao País Basco para acabar com o ETA, nem o governo britânico pôde arrasar a Irlanda para liquidar o IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos?<br /></em><br /><em>O exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças. E somam aos milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando com êxito nesta operação de limpeza étnica.<br /></em><br /><em>E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos convidam a crer que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam a acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.<br /></em><br /><em>A chamada “comunidade internacional”, existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos adotam quando fazem teatro?<br /></em><br /><em>Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.<br /></em><br /><em>Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos. A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama alguma que outra lágrima, enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caçada de judeus foi sempre um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinas, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antisemitas. Eles estão pagando, com sangue constante e sonoro, uma conta alheia.</em></div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-33342146548572095982009-02-10T06:39:00.000-08:002009-02-19T07:09:51.838-08:00Eleições em Israel - possivel vitória da direita<div align="justify"><span style="color: rgb(0, 0, 0);"><strong>Hoje é dia de eleições (parlamentares) para premiê em Israel</strong> e Benjamin Netanyahu, do Likud (<strong>partido conservador de direita</strong>), tem grandes chances de ser nomeado. Isso, pois mesmo com um empate técnico com o Likuma (partido centrista e situação), da chanceler Tzipi Livni, o Likud tem maiores chances de formar uma grande coalizão e tomar as 61 cadeiras necessárias para ter seu premiê eleito. O partido de direita deve formar coalizão com os ultradireitistas do Yisrael Beiteinu (3° maior partido) e com partidos religiosos . Com isso, mesmo se o Kadima conseguir mais cadeiras de ínicio, perderia na formação de coalizão. Sendo assim, o partido eleito popularmente não seria aquele a governar junto ao presidente Shimon Peres. Essa guinada para direita mostra o embrutecimento da população de Israel e o desejo pela limpeza étnica na Palestina.</span><br /><span style="color: rgb(0, 0, 0);"></span><br /><span style="color: rgb(0, 0, 0);">Os israelenses, em sua maioria, apoiaram a ofensiva em Gaza e continuam querendo o fim do "Hamas" através de ações militares. Sentem-se ameaçados pelos foguetes disparados contra o Estado de Israel. Foguetes que dificilmente atingem algo, parecem mais um grito de desespero e ódio. Tal sentimento não nasceu ontem. Não foi há poucos anos que "árabes fundamentalistas" se armaram contra Israel. Não foi por acaso, pois a história de Israel caminha em conjunto com a limpeza étnica dos árabes da Palestina. </span><br /><span style="color: rgb(0, 0, 0);"></span><br /><span style="color: rgb(0, 0, 0);">Tudo isso remete ao fato de Israel ser um Estado Judeu, onde o "povo escolhido por Javé (Deus)" encontra a continuidade de sua história. Por lá não existe constituição escrita, mas ensinamentos bíblicos. E se você acha que a "guerra santa" é coisa de árabe, atenção para esses trechos: </span><br /><span style="color: rgb(0, 0, 0);"></span><br /><span style="color: rgb(0, 0, 0);"><strong><em>"Não seguireis os estatutos das nações que eu expulso de diante de vós. Eu Javé, vosso Deus, vos separei desses povos. Fareis distinção entre o animal puro e o impuro. Não vos torneis vós mesmos imundos como animais, aves e tudo o que rasteja sobre a terra"</em> Levítico, 20, 23-25.</strong></span><br /><br /><strong><em>"Javé ferirá todos os povos que combateram contra Jerusalém: ele fará apodrecer sua carne, enquanto estão ainda de pé, os seus olhos apodrecerão em suas órbitas, e a sua língua apodrecerá em sua boca"</em> Zacarias, 14, 12-15</strong><br /><strong></strong><br />Apoiado em tais fundamentos, no final dos anos 1930 ,Ben Gurion sentenciou: <em><strong>“Depois da formação de um grande exército, na esteira do estabelecimento de nosso Estado, nós aboliremos a partilha e expandiremos nosso Estado para toda a Palestina”. </strong><br /><br /></em>Assim, desde o príncipio que tal higienização está programada - como mostra o historiador Ilan Pappe no vídeo da postagem abaixo. E a limpeza não se limita em um Estado atacar um povo sem Estado. <strong>Pelo contrário, dentro de Israel, um Estado Judeu, para ser cidadão legítimo é preciso confirmar a herança consanguinea. Com isso, árabes israelenses, cerca de 20% da população (1,3 milhões) são considerados cidadãos de segunda classe.</strong> Alguns bairros do país não aceitam cidadãos de "segunda classe" como moradores. Medidas como essa praticamente forçam a fuga de tais árabes para um território onde sua presença seja melhor aceita. E esse é o plano, desde a fundação de Israel em 1948.<br /><br /><strong>Mas por que o mundo se cala?</strong><br /><strong></strong><br />Nem mesmo as milhões de pessoas que protestaram contra a ofensiva sobre Gaza, no mundo todo, conseguiram com que a diplomacia internacional pusesse um fim nesse exterminio contínuo que já dura anos. Mas por que? Por que chefes de Estado das nações onde aconteceram os protestos não tomaram medidas? Somente Hugo Chávez expulosu o embaixador de Israel da Venezuela. A resposta é simples e triste. O mundo vive hoje uma lógica Estatal e cruel, onde Estados, quando se sentirem ameaçados, tem o direito de atacar povos indiscriminadamente. Os direitos dos povos praticamente inexistem, pois "a vida fora do Estado não é possivel" como diria Hobbes. Essa é a regra da diplomacia e das Relações Internacionais atuais, ou seja, palestinos não tem direito a nada. Assim, caberiam as grandes potências essa regulação da ordem internacional vigente, mas elas se calam.<br /><br />Talvez, somente a maior potência mundial, EUA, pudesse intervir com êxito na situação. Dificilmente isso irá acontecer, talvez nem com Obama, pois EUA e Israel sempre andaram juntos. <strong>O Estado Judeu, para os americanos, representa um ponto estratégico no Oriente Médio.</strong> Essa é a justificativa para Israel ser o maior receptor de ajuda ianque, inclusive e principalmente, no campo militar. Com isso, os EUA engrossam o coro de que o Hamas ameaça a segurança de Israel. Somente esses dois países podem levar isso a sério, pois é óbvio que o Hamas não tem poder para desestabilizar a ordem israelense. Isso é comprovado com os números das últimas batalhas: 15 israelenses mortos (4 por fogo amigo) contra mais de 1300 palestinos (mulheres e crianças no pacote de horror).<br /><br />Os povos do mundo protestam, mas os Estados preferem o silêncio. Nessa lógica os povos e a política internacional permanecem separados, com isso, o futuro da humanidade é decidido a portas fechadas. Heil Netanyahu!<br /><strong></strong><br /><br /><strong></strong><br /><br /></div><strong></strong>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-3274755827580608892009-01-22T07:14:00.000-08:002009-02-19T07:10:05.052-08:00Entrevista Ilan Pappe - Palestina<div align="justify">Fala-se muito por aí que a fundação de Israel foi a entrega de "uma terra sem povo para um povo sem terra" (ou algo parecido). O que a memória tenta esquecer e sufocar é que já existia um povo naquela região. Continua existindo. Uma nação que acabou sem país,em farrapos. Fragmentos onde, há mais de 60 anos, o terror, seja promovido por Israel ou por conflitos internos, deixa o palestino na incerteza de um amanhã.<br /><br />A seguinte entrevista do historiador Ilan Pappe concedida ao repórter Silvio Boccanera, programa Milênio, revela as origens dessa eliminação contínua do povo árabe da Palestina. Uma verdadeira higienização promovida hoje por Israel e amplamente patrocinada pelos EUA por meio de armas e inteligência militar.<br /><br />Ilan Pappe revela: <strong>"A idéia de eliminar a Palestina de sua população nativa, dos árabes, surgiu como um conceito claro na década de 1930."</strong><br /><br />Essa passagem de ano foi marcada por mais um episódio desse triste capítulo da história humana.<br /><br />Ontem, Israel se retirou da Faixa de Gaza. O saldo dessa "guerra" do lado palestino: mais de 1300 mortos, maior parte civis (mulheres e crianças aos montes), cerca de 80 mil desabrigados. Do lado israelense, 13 mortos (3 civis). Podemos chamar isso de guerra? Ta mais pra pulverização, tamanha é a covardia.<br /><br />Não podemos esquecer do muro que Israel ergueu e do bloqueio imposto aos palestinos na Faixa de Gaza. Desde junho de 2007 não entram alimentos, combustível, mercadorias ou medicamentos. É a chamada guerra de baixa intensidade, matar de fome, de sede, de desespero. E o mundo ignora. O bloqueio continua. A Palestina resiste.<br /><br />E os foguetes atirados pelo Hamas? Perguntam. O que deveríamos nos perguntar é: por que existe o Hamas? Por que os foguetes são lançados? Quais interesses estão em jogo?<br /><br />Ilan Pappe traz mais material para a reflexão. Segue a entrevista:<br /><br /><object width="480" height="392"><param name="movie" value="http://video.globo.com/Portal/videos/cda/player/player.swf"><param name="quality" value="high"><param name="FlashVars" value="midiaId=944425&autoStart=false&width=480&height=392"><embed flashvars="midiaId=944425&autoStart=false&width=480&height=392" type="application/x-shockwave-flash" quality="high" src="http://video.globo.com/Portal/videos/cda/player/player.swf" width="480" height="392"></embed></object></div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-77547315189716296812008-12-22T09:06:00.000-08:002009-02-19T07:10:20.540-08:00Vicky Cristina Barcelona?<div align="justify">Para a indústria cinematográfica norte-americana, Woody Allen envelheceu. Não tem mais apelo, não arrasta multidões e, conseqüentemente, não enche mais os bolsos dos grandes estúdios. Com isso, rumou para o Velho Continente. “Vicky Cristina Barcelona” é o terceiro filme do cineasta gravado na Europa, primeiro na Espanha. O motivo da locação, segundo o próprio Allen: “só gravei em Barcelona porque pagaram”. A prefeitura local desembolsou cerca de dois milhões de euros para que a cidade se tornasse a terceira personagem da película. O que causou revolta por parte de alguns artistas catalães, afinal, a quantia é astronômica e foi destinada a um artista estrangeiro. A encomenda fica clara quando verificamos a variedade de pontos turísticos apresentados no filme. Barcelona, então, limita-se as obras de Gaudí e Miró, a um ou outro bar e restaurante. A cidade acaba como uma personagem vazia, estática.<br /><br />O olhar turista é evidente, as lentes revelam uma Barcelona que pode ser vista em qualquer catálogo ou revista de viagens. A cidade não salta da tela, como Nova Iorque faz nas mãos de Woody. Um refúgio do cineasta a esse tipo de crítica é o fato da narrativa contar a história de duas turistas americanas que vão à Barcelona. Prestes a se casar, Vicky (Rebecca Hall) vai buscar material para seu mestrado sobre identidade catalã. Cristina (Scarlett Johansson), após romper um namoro, vai à busca de novas aventuras e experiências. A primeira é recatada, demasiada racional, tem um relacionamento estável e está noiva. A segunda é atirada, mais sensorial do que racional, aberta a novas experiências e tem dificuldades em manter relacionamentos. As duas protagonistas são simples, personagens óbvias e que não surpreendem. São tão vazias quanto a Barcelona retratada.<br /><br />Talvez as protagonistas acabaram sufocadas pela forma de narrativa. Um narrador onisciente em “voz over”, documentando, mastigando e digerindo as informações para o expectador. Não sobrou espaço para a história fluir naturalmente através de suas principais personagens. Não existe um fluxo natural, a narração acaba trazendo artificialidade ao enredo e limitando a interpretação do público. Além disso, é cansativo ouvir a mesma voz dando o tom da narrativa. Esse é um recurso que pode ser usado, mas em um filme cujo título é “Vicky Cristina Barcelona”, não. As três personagens dão nome ao filme, por que não dar profundidade dramática a elas e contar a história através de suas perspectivas? Parece até preguiça.<br /><br />A trama se desenvolve no momento em que o pintor catalão, Juan Antonio (Javier Bardem), entra na vida das duas turistas. Javier mostrou que sabe ser quente e sedutor, em oposição ao personagem de “Onde os fracos não têm vez”, que lhe rendeu um Oscar. Ele, artista e libertário, um amante. Penetra no caminho de Vicky e Cristina para bagunçar as idéias sobre amor e sexo. O que acontece não é necessário dizer, é óbvio. Vicky, puritana, acaba seduzida pela “guitarra espanhola” e, com receios, se rende ao pintor. Já Cristina entra no clima de liberdade sexual, assim, logo de cara. Ao que tudo indica, será desenvolvido um triângulo amoroso, no melhor estilo francês da “nouvelle vague” e seus trios emblemáticos, como o de “Banda à Parte” (Godard). Mas não, no decorrer da narrativa é apresentada outra personagem, Maria Helena (Penélope Cruz). Ex-mulher de Juan Antonio, ela é um gênio, pinta, toca piano, esculpe, enfim, uma artista completa. É catalã, na verdade, um estereótipo gritante de uma catalã. Com ela que se desenvolverá um triângulo interessante, Cristina, Juan e Helena. Aliás, as duas personagens de Barcelona são exageradas. Sempre de chinelos, em tons pastéis, comendo, bebendo e gritando. É a visão de um turista diante de uma identidade cultural que ele não compreende, pois não é sua realidade. Como se Almodóvar filmasse em Nova Iorque e buscasse colocar a cidade como sua personagem. É artificial, inverossímil.<br /><br />A atuação das americanas acaba engolida pelo “over-acting” dos espanhóis. Rebecca Hall, linda e elegante, cai bem em sua personagem, não empolga, mas convence. Scarlett Johansson, sensual, provocante, não passa muito disso e acaba empolgando mais pela beleza do que pela atuação. E então chegam os espanhóis, desvairados e coloridos. São o contraponto a cultura puritana americana, verificada em Vicky. São o que Cristina queria ser. Porém, acabam sendo, realmente, caricaturas de artistas catalães. Assim, efusivos, abusam de gritos e gestos bruscos. Com isso, dão mais vida ao filme e acabam trazendo uma comicidade que inexiste nos momentos em que só as americanas estão em cena. Porém, tal comicidade é carregada de estereótipos e obviedades, tudo muito superficial, sem profundidade dramática. Todos acabam como personagens ornamentais, Barcelona também.<br /><br />O ponto chave do filme é o conflito entre segurança e liberdade, sempre partindo do amor e do sexo. Consegue ir além, chega à oposição de dois estilos de vida, o do artista e o do executivo. Um é colorido, de camisa aberta. Outro é monocromático, de camisa abotoada e pra dentro da calça. Assim é o “conflito”, no filme, entre o espanhol e o americano. Não deixa de ser clichê, assim como as ações dos personagens. O elemento que se salva é a fotografia, não poderia ser diferente em um filme sob encomenda. O responsável por essa parte foi o espanhol Javier Aguirresarobe. Ele conseguiu saltar aos olhos com seus enquadramentos flutuantes, que variam de acordo com o ritmo e importância do dialogo apresentado.<br /><br />“Vicky Cristina Barcelona” poderia ter acabado como “Vicky Cristina Roma”, ou “Vicky Cristina Salvador”. Segundo Allen, esse era um antigo roteiro que foi “adaptado” a cidade de Barcelona. Poderia ser qualquer outra e todas seriam retratadas de maneira superficial. Não tem como revelar a identidade de uma cidade se o cineasta não respira sua realidade. O resultado é um filme claramente encomendado. Outro ponto importante é a polêmica acerca do roteiro, do qual Woody foi acusado de plágio. O fotógrafo e escritor espanhol, Alexis de Villar, afirma que a obra de Allen é um plágio de seu livro “Goodbye Barcelona”, de 1987. Assim, “Vicky Cristina Barcelona” acaba mais parecendo o desespero de um cineasta para arrecadar fundos. Uma obra que destoa do conjunto de Woody Allen. Portanto, creio que ele aprendeu que, em matéria de identidade catalã, é melhor deixar os filmes para Almodóvar.</div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-80440185233761261382008-11-01T08:54:00.000-07:002009-03-04T08:08:15.400-08:00Gogol Bordello - Tim Festival São Paulo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh__K301Q0WUn3C5ofF87rijbUfiVfzzvToho3IlvK2BX0y2hpwgvkZ7K_zXnx8cMdDlKaDESLOfD0btQqvrLG_OXApcRbotTMXkHNVAYXfM5ZKn66MMxSpqvXEq0pVmGyc0hDc2YKQB6au/s1600-h/Gogol3.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5262408391647930498" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 234px; HEIGHT: 320px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh__K301Q0WUn3C5ofF87rijbUfiVfzzvToho3IlvK2BX0y2hpwgvkZ7K_zXnx8cMdDlKaDESLOfD0btQqvrLG_OXApcRbotTMXkHNVAYXfM5ZKn66MMxSpqvXEq0pVmGyc0hDc2YKQB6au/s320/Gogol3.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div align="justify">Punhos cerrados, Fúria! Pulos ritmados, palmas, chutes ao ar! Alegria, Interação e Liberdade! Gogol Bordello!<br /><br />Como não poderia ser diferente, na última sexta, dia 24, a trupe de imigrantes liderada pelo ucraniano Eugene Hutz entrou em sintonia com seu público e fez a arena montada no Ibirapuera tremer ao som do melhor do “gypsy punk”. É "punk cigano" mesmo, algo que combina elementos da música cigana do leste europeu com "punk rock", "dub", "reggae", "mambo", "rumba" ,"polca" e "tarantela" (último álbum). O espetáculo fica completo com a atmosfera circo/cabaré dos figurinos e atitudes do grupo. Tudo isso graças a miscelânea cultural que a banda reúne, uma verdadeira Torre de Babel, tem integrante da Ucrânia, Rússia (2), China, Etiópia, EUA, Israel e Equador. E como se não fosse suficiente, Eugene é "juntado" com uma brasileira e tem uma casa no Rio de Janeiro.<br /><br />E a banda subiu ao palco, primeiramente, com seis integrantes. “Ultimate”, do álbum “Super Taranta” (2007), abriu o set, fãs adoraram, alguns perdidos, que não conheciam a banda, de início estranharam. O violão de Hutz e o acordeom de Yuri Lemeshev começaram dando o tom, então, os primeiros versos foram cantados e a questão político-existencial colocada. Para abrir o show e preparar o ambiente:<br /><br />“If we are here not to do<br />What you and I wanna do<br />And go forever crazy with it<br />Why the hell are we even here? RÁÁÁ!”<br /><br />“Se nós não estamos aqui para fazer<br />o que eu e você queremos<br />e ficar eternamente muito loucos com isso<br />Por que catso nós estamos aqui?? RÁÁÁ!”<br /><br />Logo após o grito, todos os outros instrumentos somaram-se ao violão e acordeom, a casa foi abaixo! Pulos, gritos, energia! Interação entre palmas, bater dos pés, vozes e instrumentos. Tudo uma coisa só, um show orgânico, festa! Nessa altura, até aqueles que estavam estranhando aquele bigodudo, magricelo, de estilo debochado e seus companheiros nada convencionais, agora já faziam parte do show, contagiados, não tiveram escapatória.<br /><br />Em seguida, a banda já emendou “Sally” do álbum “Gypsy Punk Underdog World Strike” (2005). A garota da letra, Sally, também fora conquistada pelo espírito cigano, mas através de um objeto deixado para trás pelos andarilhos. Então, assim como no Ibirapuera, na noite de sexta, “Cultural revolution Just begun” (revolução cultural acabou de começar)! É foda, interação, dialética, superação! Palco x platéia, platéia x palco! Individuo na platéia x individuo na platéia! Instrumentos x instrumentos! Todos os elementos combinados harmoniosamente em ação, reação, atingindo a superação dos padrões musicais, éticos, políticos e culturais! E era gente de todas as idades, tanto no palco quanto no chão, convivendo com respeito, sem certa estupidez que costuma ser recorrente nos shows de "punk". Pô, experiência que transcende a matéria, não pode ser apontada e, muito menos, entendida pontualmente, só entendemos o show se pensarmos todos os elementos envolvidos, pois o que fica no ar, o que nosso cérebro capta, é justamente isso, a freqüência (espírito) que uniu diferentes culturas naquela noite. A empolgação das rodas de pogo, das palmas, dos pés e chutes, vibração furiosa. Por isso, a plena compreensão nunca virá através da racionalidade, mas sim da captação, da sensação, do conflito harmonioso da sua existência com a música e todos os presentes, isso, caro leitor, só quem tava lá sabe o que é. Nesse ponto, uma resenha de cunho jornalístico torna-se inútil, demasiado racionalista. Devia escrever um poema, uma música ou simplesmente pegar esses elementos gráficos (palavras) e combiná-los de forma espontânea, só seguindo as sensações deixadas pelo enorme organismo que tomou conta do Tim Festival, dia 24. Assim, seria possível estender uma ponta daquilo tudo para essas páginas. Tal necessidade explica a não convencionalidade dessa resenha. Show atípico, resenha atípica, ora pois!<br /><br />Música - Fúria – punhos cerrados – pés ao chão – pogo – gritos - protesto – pulos – alegria – interação – questionamentos – revolução – cores – festa – alteração da consciência – expansão dos horizontes - libertação - liberdade!<br /><br />Isso foi o show! Ta bem, mais um pouco de amarras jornalísticas: Em sua apresentação, o grupo mesclou os dois últimos álbuns. A terceira música foi “Not a Crime”, baseados subiram, e manteve o pessoal no ritmo frenético do "gypsy punk" até cair aquele grave do dub, então tudo ficou mais lento, fumaça na mente e o ritmo penetrando, até que, BOOM! Explosão! A galera cai matando no palco e o público cai no pogo alucinante.<br /><br />A performance no palco preserva o ar debochado dos integrantes, mas se mantém quase que impecável durante todo o tempo. Tudo muito bem ensaiado, quase um número circense que só ficou completo quando as duas backing vocals/dançarinas/instrumentistas (uma no prato e outra no tambor) subiram ao palco. Ambas chinesas e com uniformes de ginástica, baby look e shortinho(pra delírio da cuecada), do Santos FC (seguindo a linha das apresentações desse ano). Mas por que o Peixe?? Ta certo, o time é bi-mundial e bem conhecido lá fora, mas o que o Gogol Bordello tem a ver com isso? Pergunta que fica no ar. São elas que dão os gritos estridentes de “Never Young”, transmitindo como nenhuma palavra o que Eugene passou quando jovem, de embaixada em embaixada, acampamento em acampamento, cigano na vida, mão de obra barata, visto cheio de preconceitos pelo conservadorismo europeu e super-explorado no trabalho. Então, aconteceu a libertação através da música:<br /><br />“I was sculpted to be overworked and silent<br />But since the early ageI broke out of the cage<br />And learned how to make marching drums<br />From a fish can”<br /><br />"Fui esculpido para trabalhar além da conta em silêncio<br />Mas desde cedo eu quebrei a jaula<br />E aprendi como fazer tambores em marcha<br />Em uma lata de peixe"<br /><br />Tambores em marcha, força! Essa história de vida, os gritos e os instrumentos em ritmo acelerado encontraram a platéia, que reagiu e rebateu com socos, chutes, pulos e gritos. A tal da interação.<br /><br />Eugene correu de um lado para o outro, jogou vinho na galera, bebeu e cuspiu pra cima, um “show man” ligado no 220V. Acompanhando a empolgação, o violinista Sergey Ryabtsev, também mostrou que apesar de tiozinho, ta bem enxuto e correu, pulou, cantou, dançou e é claro detonou no violino.<br /><br />Logo após a acelerada "Never Young", assim de sopetão, só tempo para poucos grunidos de Hutz, veio “Wonderlust King” – hit mais conhecido pelo grande público. Introdução feita com violão, voz e palmas da galera. Tudo sereno, até que, “But im a wonderlust king! I stay on the run! Let me out, let me be gone!” Libertação sentida no entoar de toda aquela sinfonia instrumental que foi lançada ao público após a introdução. A resposta: mais pulos, mais dança e gritos! Festa! Com direito a fã vestido de "Jack Sparrow" fugindo do roadie e dando um “mosh” na galera. E o melhor, mesmo sem querer, foi um pulo sincronizado com a música, interação, todos num só, música, músicos e platéia. Essa a galera cantou como nenhuma outra.<br /><br />“Mishto” (Gypsy Underdog World Strike) veio logo em seguida, então todas as atenções se voltaram à parte instrumental. Ritmo mais lento do que o apresentado até então, do contrário ia ter gente enfartando. Tudo começa com violão e voz e vai subindo, entra o acordeon, mantém o ritmo cadenciado, então, um prato de condução mostra que a batera está por vir, toques na caixa são ouvidos e entram bateria, baixo e violino, sincronia perfeita. Essa é daquelas que o público sentiu lá dentro, pois mesmo quase toda instrumental e com letra em ucraniano, a platéia reagiu,lançou os braços ao ar, dançou um bocado, mas mais do que tudo, estabeleceu comunicação sem conhecer o idioma. Para acelerar, “60 revolutions”, alterando uma pegada parecida com o nosso forró e “punk rock”, foi prato cheio nas rodas de pogo. Na letra, alarmes são soados,czares derrubados e bares esvaziados – revolução, uma por segundo! Energia incrível!<br /><br />Acabada a música, é o início de outra. Instrumental de “Starting Wearing Purple”, palmas marcando o ritmo. Essa era muito aguardada pelo grande público - trilha de “Uma Vida Iluminada", filme com Elijah Woods. Enquanto outros tocavam, Hutz entornava um belo vinho, direto do gargalo, é wearing purple/vestindo roxo no sentido "etílicomológico" de ser. E o vocal começa a cantoria: “Ela não gosta de mim, ela não gosta de mim, por que ela não gosta de mim?” – música do brasileiro Agepe. A galera foi ao delírio e ficou na expectativa, então Hutz manda: “Morena tropicana...oioioioi” de Alceu Valença. Aplausos! E chega a hora: “Start Wearing Purple!” – fãs delirantes e geral pulando, na maior alegria.<br /><br />E chega o momento de pensar local, com “Think Locally, Fuck Globaly” - uma pegada mais puxada para o mambo com punk rock. É, o neoliberalismo ta aí, destruindo, massificando e coisificando diferentes culturas, tudo vira produto. Todos são submetidos às leis do mercado, escravos da "Era Moderna". Então, nada melhor do que unir-se a Hutz e gritar: Fuck Globaly! E foi isso que aconteceu, a casa veio abaixo com o já clássico. E, logo em seguida, para surpresa de alguns, rolou “Mala Vida” sucesso do “Mano Negra” (ex banda de Manu Chao), fechando a curta (cerca de uma hora), porém fenomenal, apresentação do Gogol Bordello aqui em São Paulo. E ainda, após agradecimentos, Eugene desceu pra falar com a galera e distribuir abraços. Festa!<br /><br />Foi isso, algo demasiado espetacular para ficar preso ao jornalismo. Por esse motivo vemos resenhas porcas (como essa) a respeito do show, ninguém irá resenhar com precisão aquele imenso organismo que se formou naquela noite. Aquilo ficou lá, morreu no momento em que a “excelente” organização soltou a “sonzera” Vila Olimpia na Arena. Quem foi o imbecil que colocou essa puta show no meio daqueles DJs? Não sabiam que do Gogol iria nascer algo diferente de tudo que foi visto no festival? Não conheciam direito? Da próxima vez, um dia só de Gogol Bordello, ou talvez alguma bandinha de ska para aquecer os ânimos...fica a sugestão. Enfim, foi uma grande festa pela Liberdade.</div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-90729008500070227172008-11-01T08:35:00.000-07:002008-11-14T06:48:14.517-08:00El Pueblo en Armas - Cartaz para filme fictício<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBlyd6zelamA4q4PZQbe8jjnLojoyEDbx8OH59g6oOA95n3l_6tyml2s1sdW1iGTSun7fu01GSK0CHUnE9I0EFvER7QMHezFDIZnEtDf2NLCrvmRHrvaFMORHyvDogeNvW4Tr8GGEPasGA/s1600-h/el+pueblo+en+armas+copy.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5263713633407109410" style="WIDTH: 214px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBlyd6zelamA4q4PZQbe8jjnLojoyEDbx8OH59g6oOA95n3l_6tyml2s1sdW1iGTSun7fu01GSK0CHUnE9I0EFvER7QMHezFDIZnEtDf2NLCrvmRHrvaFMORHyvDogeNvW4Tr8GGEPasGA/s320/el+pueblo+en+armas+copy.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-52951839004139041092008-11-01T08:24:00.001-07:002009-02-19T07:11:40.801-08:00Contradição Neonazista<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKAprFYwkZOO6m9B03lPJkTqNhvcqUCWnfL5nf39KWNlA8_BGowKkyLArYi-IVQdsO66bwe4czbRzanJKQsWPZUy1sNvorh55NUvgLWal8W9hBofO8tMNPSFSPvTWBx-WrG4QQKrMAqrcr/s1600-h/220083.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5264432357880954626" style="margin: 0px 10px 10px 0px; float: left; width: 219px; height: 320px;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKAprFYwkZOO6m9B03lPJkTqNhvcqUCWnfL5nf39KWNlA8_BGowKkyLArYi-IVQdsO66bwe4czbRzanJKQsWPZUy1sNvorh55NUvgLWal8W9hBofO8tMNPSFSPvTWBx-WrG4QQKrMAqrcr/s320/220083.gif" border="0" /></a><br /><br /><div align="justify">“A diferença entre a genialidade e a estupidez é que a genialidade tem limites”<br /><br />Estupidez é falta de inteligência. O nacional-socialismo (nazismo) prega a supremacia da raça ariana. A sociedade brasileira é heterogênea, reunindo diferentes etnias em um mesmo território. A doutrina aplicada por Hitler na Alemanha nazista defendia a formação do III Reich, de modo a proteger e garantir o desenvolvimento pleno da raça perfeita, a mais pura e única com capacidade civilizadora. Tal raça, para os nazistas alemães, pode ser encontrada no norte da Europa e seria ela a imagem de Deus.<br /><br />Hoje, os movimentos neonazistas que voltam a ganhar fôlego na Europa vêem os latinos, assim como os judeus, homossexuais, negros, árabes, curdos e demais etnias existentes, como inferiores, meio animais meio homens. Pretendem eliminar essas sub-raças e garantir a pureza racial para a posteridade. Só arianos podem se reproduzir, entre eles é claro, para não envenenar o sangue puro que carregam.<br /><br />Tudo isso é muito distante, com um quê de absurdo. Porém, na madrugada do último dia oito, três jovens pertencentes ao grupo de “skinheads” denominado “Front 88” espancaram um rapaz e um cabo da PM que estava à paisana. O crime aconteceu na região central da capital paulista. Os três jovens começaram atacando o rapaz, provavelmente homossexual. O policial vendo a cena tentou intervir, tornando-se assim alvo dos “skinheads”. Contudo, essa não é uma situação tão distante do cotidiano desse país tão distante daquela Alemanha. A cada ano diversos casos de violência envolvendo grupos neonazistas são registrados em São Paulo e no restante do Brasil.<br /><br />O nome Front 88 faz alusão ao “HH”, abreviação para “Heil Hitler”, uma saudação nacional-socialista alemã usada para exaltar a figura do “Fuhrer”, chefe do Estado. Vale lembrar que tal gangue é brasileira, portanto, com integrantes latinos. Inclusive, um dos criminosos possui a pele escura, é mulato, fruto de uma mistura étnica entre àqueles considerados inferiores. Sendo assim, o ato foi praticado por pessoas estúpidas que são contradições vivas da ideologia em que acreditam, isso sem entrar no mérito da falta de inteligência de ser nazista em qualquer lugar do mundo.<br /><br />Essa ascensão neonazista, totalmente contraditória em terras tupiniquins, pode ser explicada, no contexto alemão, pela atual crise do sistema financeiro mundial. A queda dos EUA, a autodenominada locomotiva do capitalismo, combinada com a crise alimentar que assola o globo, deixa um cenário de incertezas e repúdio ao capital transnacional. Com isso, ultranacionalistas, entre eles os nazistas, encontram terreno fértil para difundir suas idéias. Mas, se autodenominar nazista em um país como o Brasil é provar que a estupidez não tem limites. Tanto que se membros do “Front 88” cruzarem com neonazistas alemães, serão os brasileiros o alvo da vez, a raça inferior e passível de extermínio.</div><div align="justify"></div><div align="justify">charge de Latuff</div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-42026733555301140102008-11-01T08:23:00.000-07:002009-02-19T07:14:02.358-08:00Descrição - MendigoCasaco batido, roto e esverdeado, combina com as calças de semelhante tonalidade. Uma imagem desbotada, aquele ar urbano, ou melhor, é como se fosse um camaleão com disfunção na camuflagem. Mistura o verde original de suas roupas com o cinza natural da cidade. Resultado é esse: um ser desbotado, lembrança do que foi um dia. Hoje, sua cor e identidade originais já se perderam, foram engolidas pelo ambiente. Os mais desatentos podem confundi-lo com um milico saudosista, daqueles que tira a casaca do armário no sete de setembro ou em alguma outra celebração da pátria amada e sai aos prantos pela rua. Seu andar cadenciado e relaxado logo nos faz perceber, não se trata do tipo militar. O Brasil não foi sua “mãe gentil”. O abandono é estampado em seu rosto. Quando termina o casaco, subindo pelo pescoço, já da para notar a barba mal feita e a face escura. A cor da pele é negra, os pelos ralos e o acúmulo de sujeira escurecem ainda mais a sua figura. Traços fortes delimitam o rosto e um bigode singelo aparece se misturando à sujeira. O cabelo completa a personalidade, sujo, comprido e grudado, há anos deixou de ser cabelo e se tornou massa sebosa no alto da cabeça. Em meio a tantos borrões, é difícil distinguir as marcas da vida das da falta de higiene. Porém, seu olhar não engana. Quase sempre longe, amarelado, parece navegar conforme a maré. Vive na rua, um dia de cada vez, na maioria das vezes um entrando no outro. Realidade confusa, difusa, gestos para o nada e conversa com o ar. A sua luta é a sobrevivência, o resto “que se foda”. Já se entregou na batalha da vida, flutua nas caóticas vias que cortam a cidade. Assim, quase sempre fora de si, as horas passam. Cada vez mais o cenário toma conta de sua personalidade, gradativamente o cinza sobrepõe o verde e o sujeito se perde na monstruosa capital paulista. Pessoas passam e não o vêem, ele já faz parte do ambiente como um poste ou uma lata de lixo. Porém, se fosse objeto estaria bem, não passaria despercebido e cumpriria função social. Seu drama é não ser objeto. Ele é algo muito pior para a sociedade atual. Do tipo que a cidade engole e ninguém se dá conta, é um ser humano que não produz, descartável, um ninguém.Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-7386498230610078562008-11-01T08:22:00.000-07:002009-02-19T07:12:09.820-08:00As vendas sociais e a crise alimentar<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqnH0DihPxDSKj2T8ZtklsIeg7xuTQXvohsTf4zYR5I6ZcWHuHgSA9cy-rGFO9z1aPquR7QeDfCJNp8BnqgtLBfz3-TXEjOIRJmXwuxdmjYndooCs1EoMUyN9813fNb8NYkSGMXA1CxiTc/s1600-h/MUERTOYENFERMOcopy.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5264437752104632306" style="margin: 0px 10px 10px 0px; float: left; width: 196px; height: 320px;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqnH0DihPxDSKj2T8ZtklsIeg7xuTQXvohsTf4zYR5I6ZcWHuHgSA9cy-rGFO9z1aPquR7QeDfCJNp8BnqgtLBfz3-TXEjOIRJmXwuxdmjYndooCs1EoMUyN9813fNb8NYkSGMXA1CxiTc/s320/MUERTOYENFERMOcopy.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div align="justify">“Recordem que, por nossa incapacidade de ver, os movimentos do prestidigitador se convertem em magia”<br /><br />Hoje vivemos a era dos acordos de livre comércio entre países. Na qual, reuniões fechadas de dezenas decidem o futuro de milhões. Os chamados países em desenvolvimento são os que mais sofrem com as medidas adotadas nesses acordos. A maior conseqüência é a sua devastação econômica em certas áreas. Aqueles que tiram sua subsistência do setor agrícola são os que mais sofrem. O México, membro do NAFTA (Tratado Norte Americano de Livre Comércio), é um exemplo de como o livre-comércio pode ser prejudicial à alguns setores da sociedade.<br /><br />A crise alimentar chegou ao país esse ano, quando entrou em vigor a total liberalização da agricultura mexicana, caíram todos os tributos em relação aos produtos desse setor. Com isso, as organizações camponesas se viram obrigadas a concorrer diretamente com produtos americanos e canadenses. O resultado não poderia ser mais óbvio. Os EUA, que cultivam 179 milhões de hectares com subsídios que chegam a 21 mil dólares para seu "fazendeiro", acabaram inundando as prateleiras mexicanas com seus produtos. A concorrência é desigual, o México cultiva 27 milhões de hectares, com subsídios que chegam a 700 dólares para o agricultor.<br /><br />Não há como vencer quando seu concorrente é a maior potencia mundial e pratica “dumping” em relação aos produtos de seu país. Do lado americano uma série de embargos continuam limitando as importações de produtos agrícolas mexicanos, a desigualdade é gritante. O cenário não poderia ser pior, o país que já sofria com a desigualdade social agora afunda em uma crise, na qual aqueles que ocupam os setores menos favorecidos da sociedade pagam a conta. Conta essa que acaba encoberta pela mídia, pois se encontra demasiadamente atrelada aos interesses capitalistas emergentes dos países concorrentes e do próprio México.<br /><br />Assim, os contratos que traçam o destino de milhões acabam restritos às decisões de poucos, beneficiados com essa “livre-concorrência” desleal. A sociedade atual acaba adotando uma forma unilateral de tomar decisões, na qual, a sociedade civil não tem voz. Os mais prejudicados protestam, ninguém lhes dá ouvidos. O restante da sociedade escolhe continuar cego e em um estado de letargia. Só cumprem o seu dever de produzir capital, consumir mercadorias e vender imagens, enquanto a miséria se alastra ao seu redor, mas não bate à sua porta.<br /><br />O destino dos camponeses acaba sendo decidido por “mágicos” que usam um truque muito conhecido, porém, cuidadosamente encoberto. O truque de fomentar a “livre-concorrencia”, na realidade protetora dos interesses de grandes potências mundiais, em mercados considerados fracos e sub-explorados. O espetáculo é bem montado, os “ilusionistas” obtêm uma enorme margem de lucro e distraem as populações com o seu show, o patrocinador é o capitalismo transnacional, a conta todos sabem quem paga.</div><div align="justify"></div><div align="justify">ilustração retirada de: www.sinmaiznohaypais.org</div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-16346281114939595032008-11-01T08:02:00.000-07:002009-02-19T07:12:58.698-08:00Breve história da Imprensa: dos primórdios à lógica do Capital<div align="justify">O jornalismo é uma profissão relativamente nova, pois foi durante o século XVIII que passou a ser possível sobreviver economicamente da prática jornalística. Entretanto, a capacidade do homem de se comunicar e informar o seu semelhante data de milênios atrás. Os primórdios do jornalismo baseiam-se na comunicação oral, que exigia a capacidade de memorizar relatos épicos, genealogias, relações de bens e relatos míticos remetentes a fundação de um povo. Nesse contexto, encontra-se a Bíblia que começou como um relato oral e só foi passado para o suporte escrito a partir do século VIII a.C. Com o desenvolvimento da escrita e a criação de um alfabeto pelos fenícios, passou a ser possível gravar mensagens em suportes sólidos. O alfabeto então foi adaptado pelos romanos, árabes e hebreus. Os romanos possuíam uma publicação regular durante o império, as Acta Diurna, que traziam fatos diversos, notícias militares, obituários, avisos e ordenamentos do império. Essas Acta Diurna eram colocadas no espaço público sobre murais, e podem ser consideradas o primeiro jornal regular que se tem notícia. A imprensa como conhecemos só seria possível séculos mais tarde, pois nos primórdios do jornalismo ainda não era possível reproduzir diversas vezes uma mesma publicação.<br /><br />A história do jornalismo moderno confunde-se com a ascensão de uma nova classe social, a burguesia. Essa nova classe, basicamente formada por comerciantes e profissionais liberais, possuía boa parte do capital, mas não tinha o poder político. Foi através do comércio organizado que a burguesia ascendeu. Com o primitivo capitalismo financeiro e mercantil que a partir do séc. XIII se expande dos Estados do Norte da Itália para a Europa ocidental e setentrional, se formaram as feiras comerciais, que dariam lugar aos mercados. Esse comércio incipiente tinha a necessidade da troca de informações comerciais, que eram transmitidas através de cartas comerciais.<br /><br />Práticas do capitalismo financeiro já eram vistas em letras de câmbio e ordens de pagamento, que já eram usuais nas feiras de Champange, no séc XIII. Com o desenvolvimento dessas feiras em mercados periódicos e bolsas, estabeleceu-se uma rede horizontal de dependências econômicas que fazia um contraponto às relações verticais de dependência vivida no modo de produção feudal. O comércio passou a ser praticado a distância e as cidades passaram a funcionar como bases de operação do mercado.<br /><br />Com esse renascimento comercial e urbano, orientado pelo mercado, e inserido em uma malha horizontal de troca de mercadorias, era necessária a criação de uma rede de câmbio de informações. A partir do século XIV a antiga troca de cartas comerciais foi transformada em um sistema corporativo de correspondência, a tradição romana dos correios seria retomada. Essas cartas, porém, não tinham publicidade, eram de caráter privado e a sua não publicação era de interesse dos próprios comerciantes, que não queriam que todos tivessem acesso às importantes informações comerciais contidas nas cartas.<br /><br />Durante os séculos XV e XVI o mundo passou por diversas mudanças determinantes, o pensamento humanista se difundiu e a ordem social aos poucos se reorganizou. A burguesia enriquecida pela fase mercantilista do capitalismo foi o principal personagem dessas transformações. Esse foi um período de grande efervescência, o homem reorganizava seu pensamento, passando de Teocentrista para Antropocentrista. Graças a essa nova maneira de encarar o mundo, foram possíveis um melhor desenvolvimento das ciências e a invenção de diversos instrumentos que viriam facilitar a vida do homem moderno. O desenvolvimento da imprensa de tipos móveis por Gutemberg se encontra inserida nesse contexto. A imprensa de Gutemberg foi um ponto determinante na história do jornalismo, pois com ela passou a ser possível reproduzir diversas vezes a mesma publicação. Entretanto a imprensa só foi utilizada para a confecção de jornais 150 anos mais tarde.<br /><br />Com a consolidação do modo de produção capitalista no século XVII, a afirmação da burguesia como uma classe detentora de poder econômico e principal colaboradora desse novo modo de produção, a ordem social da época se reconfigurava. Instituía-se uma esfera pública de caráter burguês que ainda era subordinada aos órgãos do poder público. Segundo Habermas, dentro dessa lógica surgiram os primeiros jornais:<br /><br />"Em sentido estrito, os primeiros jornais, por ironia também chamados de "jornais políticos", aparecem de início semanalmente e, lá pela metade do século XVII, já aparecem diariamente. [...] Os beneficiários das correspondências privadas [os comerciantes] não tinham interesse em que o conteúdo delas se tornasse público. Por isso, os jornais políticos não existem para os comerciantes, mas, pelo contrário, os comerciantes é que existem para os jornais. Eram chamados de custodes novelarum (guardiões das novidades) entre os contemporâneos, exatamente por causa dessa dependência do noticiário público para com o seu intercâmbio privado de informações." (HABERMAS,1984, p.34)<br /><br />As informações contidas nesses “jornais políticos” eram notícias menos importantes do comércio, informações sobre o estrangeiro, sobre a corte, e um repertório folhetinesco como: curas miraculosas, dilúvios, assassinatos, epidemias, incêndios. Viu-se no intercâmbio de informações uma forma de gerar capital, a notícia passou a ser mercadoria.<br /><br />"O processo de informação profissional está sujeito às mesmas leis do mercado, a cujo surgimento elas devem, sobretudo, a sua existência. Não por acaso, os jornais impressos desenvolvem-se freqüentemente a partir dos mesmos escritórios de correspondência que já providenciavam os jornais manuscritos. Toda informação epistolar tem o seu preço; está, portanto muito próximo querer aumentar o lucro mediante o aumento de tiragem. Já por isso, uma parte do material noticioso disponível é periodicamente impresso e vendido anonimamente - passando a ter, assim, caráter público." (HABERMAS, 1984, p. 35)<br /><br />Reconhecendo a utilidade da imprensa dentro da sociedade, a administração pública passou a dar apoio e utilizá-la para dar ordens e baixar resoluções. Seu público era constituído pelas camadas cultas da sociedade, organizando assim uma esfera pública que estava longe de atingir as camadas populares, iletradas na época e excluídas da formação dessa esfera pública desde o princípio. A opinião pública da época era a resultante dos debates realizados entre intelectuais burgueses e herdeiros da aristocracia humanista na esfera pública literária que se instalava nos “cafés” europeus.<br /><br />Tabela 1<br /><br />Modelo habermasiano de uma esfera pública burguesa do séc. XVIII<br /><br />Setor Privado Esfera do Poder Público<br /><br />Sociedade Civil Esfera pública Estado<br />(setor da “polícia”)<br />(setor da troca de mercadorias e política de trabalho social)<br /><br /><br />Esfera pública literária<br />(clubes, imprensa)<br /><br />Espaço íntimo Corte<br />da pequena família (Mercado de bens Culturais)<br />(intelectualidade burguesa) (sociedade da aristocracia da corte)<br /><br /><br /><br />De acordo com a tabela 1, a esfera pública do século XVIII situa-se entre o setor privado (Sociedade Civil) e o poder público (Estado). Essa esfera pública política defende os anseios da sociedade privada diante dos interesses do Estado. A burguesia apoiada no princípio da igualdade, defendia a idéia que todos poderiam obter as qualificações necessárias de formação educacional e cultural de um público crítico e, assim, participar da organização de uma opinião pública, interferindo diretamente na administração estatal. Essa definição burguesa de “opinião pública” não respeita as limitações de classe existentes no período.<br /><br />Dentro dessa lógica social constituída por uma esfera pública de caráter classista, formava-se o palco para finalmente essa classe detentora de poder econômico pudesse fazer sua revolução e obter o poder político. O pensamento Iluminista encontrou grande espaço nessa esfera pública e passou a desenhar sua revolução, defendendo ideais tidos como “universais”, mas que expressavam o interesse da camada burguesa da sociedade. “Só eles [proprietários] tinham, toda vez, interesses privados que automaticamente convergiam nos interesses comuns da defesa de uma sociedade civil como esfera privada. Com isso, só deles é que se podia esperar uma representação efetiva do interesse geral. [...] O interesse de classe é a base da opinião pública”.(HABERMAS, 1984, p.108).<br /><br />Para fazer a revolução foi preciso alinhar-se com o povo. Para isso foram usados panfletos ilustrados, já que as camadas populares não eram alfabetizadas. Na perspectiva revolucionária, o “jornalismo opinativo” abria espaço para a reclamação de poder político por parte da burguesia, como também, colocava em pauta a opinião pública (de caráter burguês). A imprensa inserida nessa efervescência política do período fazia o papel de mediadora e potencializadora de discussões políticas. Isso é observado em momentos revolucionários como na Paris de 1789, onde diversos grupos políticos possuíam seus jornais e clubes de discussão. Contava-se 450 clubes e mais de 200 jornais. Nessa perspectiva, a imprensa cumpri o papel de afirmar a função crítica do público leitor, o capital só é inserido em um segundo plano. Em geral, esses jornais são deficitários. As publicações jornalísticas não opinativas, ao velho estilo praticado anteriormente, eram diminuídas a meras empresas e estavam sujeitas à interdições das autoridades políticas.<br /><br />“Os jornais passam de meras instituições publicadoras de notícias para, além disso, serem porta-vozes e condutores da opinião pública, meios de luta da política partidária”. (Bücher apud Habermas, 1984, p.213).<br /><br />Com a consolidação do Estado de Direito Burguês, essa imprensa crítica poderia ser incorporada pelo mercado visando o lucro. Na França, Inglaterra e Estados Unidos, a evolução da imprensa politizante para uma imprensa comercializada ocorreu mais ou menos durante os anos 30 do século XIX. Com a possibilidade de venda de espaços nos jornais para a colocação de anúncios, os editores viram uma grande oportunidade de mudar a base de cálculos e atingir um lucro maior. Não demorou muito até que os velhos editores ainda não inseridos nessa nova perspectiva da imprensa quisessem se reorganizar de maneira a gerar lucro. Já na metade do século havia uma série de empresas jornalísticas organizadas como sociedades anônimas.<br /><br />Nos séculos XVIII e XIX se desenvolveu também o modo de produção industrial, ou seja, a lógica do capitalismo deixou de ser simplesmente comercial. A revolução industrial trouxe uma nova maneira de organização social e exploração do trabalho. As indústrias e a produção em massa se proliferaram, sempre visando a maximização dos lucros. Nesse contexto foram inventados diversos instrumentos que mudariam a imprensa novamente, como o telégrafo, que evolucionou todo um sistema de troca de informações, diminuindo as distâncias e facilitando a atividade jornalística; o aperfeiçoamento das rotativas, que aumentou a capacidade de tiragens e diminuiu o tempo de impressão; e o aperfeiçoamento da fotografia. Para se ter uma idéia, em 1814 o Times já era impresso nas novas máquinas que viriam substituir a imprensa de Gutenberg. De acordo com Habermas, dessa forma, os jornais se tornaram empresas privadas comercializadoras de notícias.<br /><br />[...] o jornal acaba entrando numa situação em que ele evolui para um empreendimento capitalista, caindo no campo de interesses estranhos à empresa jornalística e que procuram influenciá-la. Desde que a venda da parte redacional está em correlação com a venda da parte dos anúncios, a imprensa, que até então fora instituição de pessoas privadas enquanto público, torna-se instituição de determinados membros do público enquanto pessoas privadas, ou seja, pórtico de entrada de privilegiados interesses privados na esfera pública. (HABERMAS, 1984, p.217).<br /><br />Nesse contexto de mudanças políticas, econômicas e sociais do período, desenvolveu-se um novo tipo de jornalismo, o “jornalismo informativo”. Ele está diretamente vinculado àquele praticado nos nossos dias. Prima a objetividade (como veremos mais adiante num estudo de caso) e a imparcialidade do jornalista. Veio para atender as demandas por informações do novo público pós- revolução industrial (já com índice de alfabetização maior).<br />Essa nova maneira de fazer jornalismo colocou o jornalista como um agente responsável por informar a sociedade. A empresa jornalística dependente de seus anunciantes, com interesses privados que pressionavam e influenciavam no material publicado, passava então a pautar a opinião pública.<br /><br />Com esse breve histórico fica evidente que a relação entre imprensa moderna, mercado e interesses privados não é um problema atual. O jornalismo moderno obedeceu as mudanças provocadas pela evolução do capitalismo nas ordens política, econômica e social.</div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-48838614554133870802008-11-01T07:51:00.000-07:002009-02-19T07:13:18.687-08:00Batalha entre imobiliárias e órgãos de preservação do patrimônio histórico ainda promete<div align="justify">Tombamento histórico e setor imobiliário travam uma guerra antiga, desenhada por demolições e interesses privados. No meio dessa batalha a sociedade acaba sofrendo com as conseqüências. Essas batalhas chegaram esse ano na Câmara dos Vereadores de São Paulo, onde as pressões do setor imobiliário exerceram seu poder para mudar as regras dos processos de tombamento histórico. Tais mudanças enfraqueceriam o Conpresp (órgão municipal de preservação histórica) e dariam a Câmara um poder de avalizar, ou não, os projetos de tombamento. Em meio a essa polêmica existem aqueles que defendem os interesses imobiliários e aqueles que acreditam que a preservação do patrimônio histórico não pode ficar refém do setor imobiliário.<br /><br />Em entrevista concedida, o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Nestor Goulart Reis Filho, ex-presidente do Condephaat (órgão estadual de preservação histórica), defendeu uma reestruturação dentro do Conpresp, uma injetada real de dinheiro que possibilite a contratação de arquitetos de renome, e ao mesmo criar projetos claros nos bairros da cidade, para não prejudicar os investimentos feitos pelas construtoras.<br /><br />Numa tentativa de enfraquecer o Conpresp, os vereadores da Câmara de São Paulo propuseram uma lei que tiraria o poder do órgão, dependendo do aval da Câmara para que as decisões relativas à área envoltória aos locais tombados fossem tomadas. Projeto que o prefeito Gilberto Kassab vetou. Esse veto aconteceu por influência também do governador de São Paulo, Jose Serra, nascido e criado na Mooca e muito ligado aos valores do local, que em julho desse ano também teve locais tombados. “Os empresários que me desculpem, mas não vai ser transferindo o conselho para os vereadores que o problema será resolvido. Se vereador conseguisse proteger patrimônio público, a área dos mananciais não estaria invadida por um milhão de pessoas urinando na água que bebemos todos os dias” afirmou o arquiteto Goulart Reis.<br /><br />Do outro lado da história, estão os envolvidos com o setor imobiliário, como é o caso de Cláudio Bernardes, vice-presidente do Secovi, o sindicato do setor imobiliário. Adotando um discurso mais cauteloso, a principal reclamação de Bernardes é referente à demora de alguns processos iniciados pelo Conpresp, o que segundo ele, causa grandes prejuízos às construtoras, que iniciam seus projetos, gastam com o planejamento, e quando vão construir o órgão “resolve” tombar e impede qualquer alteração. “Acho que isso (restrição de altura dos prédios no entorno dos parques da aclimação e do Ipiranga) foi a gota d´água. As empresas verificam onde tem demanda, definem o tamanho do imóvel, acham um terreno que se adequa à demanda. Vêem as restrições, as regras de zoneamento, fazem as contas. Pagam R$ 20 milhões, fazem projeto e entram para aprovar. Nesse período, mudam a lei e não podem mais continuar o projeto”, afirmou Bernardes.<br /><br />Nessa toada, o vereador do PSDB Dalton Silvano propôs um projeto que iria indenizar construtoras que já tivessem tido algum gasto em áreas que posteriormente foram tombadas pelo Conpresp, como é o caso da Camargo Corrêa, que adquiriu um terreno em frente ao parque da aclimação, avaliado em pelo menos R$ 9 milhões, e que como teve aberto seu processo de tombamento, fica restrita a construção de grandes obras ao seu redor. Nem o vereador nem a construtora quiseram se pronunciar sobre o caso.<br /><br />No ano de 2008 o Condephaat, órgão da Secretaria de Estado da Cultura, irá completar 40 anos, e já no embalo dessa polêmica, realizou nos dias 22 e 23 de outubro um encontro para discutir temas relacionados à preservação de bens tombados. O seminário Paisagens Culturais: Conceitos e Critérios de Preservação foi aberto no dia 22 pelo secretário da Cultura, João Sayad; pelo presidente do Condephaat, Adílson Avansi de Abreu; e por Antônio Augusto Arantes Neto, antropólogo e ex-presidente do órgão.<br />“As cidades crescem e, muitas vezes, o tombamento de um bem cria limites públicos para o seu uso privado, principalmente quando entra em cena a especulação imobiliária”, observa Adílson Avansi. “O objetivo deste seminário é discutir a harmonização dos interesses públicos e privados, quando se fala em preservação.”<br /><br />O primeiro debate, intitulado Paisagens Naturais: a relação homem-natureza, contou com a participação do geógrafo Aziz Ab’Saber, da USP, ex-presidente do Condephaat e responsável pelo tombamento da Serra do Mar; da bióloga da USP Sueli Furlan; e de Roberto Varjabedian, do Centro de Apoio Operacional de Urbanismo e Meio Ambiente do Ministério Público. A coordenação foi de Sérgio Alex Constant de Almeida, conselheiro do Condephaat e representante da Secretaria do Meio Ambiente no órgão.<br />Roberto Varjabedian alertou para a necessidade do resgate, do respeito, e da difusão dos conceitos teóricos do planejamento e dos documentos dos órgãos responsáveis pela preservação. Para ele, “muitos conceitos hoje não são aplicados e essa perda de referenciais é prejudicial ao ambiente a ser protegido”. Ele acredita que a preservação deve ser feita com a integração das esferas de competência (municipal, estadual e federal) sem a perda da linha conceitual e teórica dos órgãos responsáveis.<br />Sueli Furlan ressalta a necessidade de um bom suporte técnico para a aplicação dos conceitos de preservação. “É preciso condições [melhores] para o trabalho; a equipe não pode ser pequena e sua atuação tem que ter o mesmo prestígio que qualquer outro trabalho técnico dentro da estrutura governamental”.<br />A bióloga também afirma que para a preservação “devemos entender que no local existe um conjunto de valores históricos, visuais e ecológicos que se interagem, e que precisam ser sempre ressaltados”. Ela sugere que a cobertura de um projeto deve ser contínua e pouco fragmentada, o que depende de uma boa análise desses valores.<br /><br />Aziz Ab’Saber dirigiu críticas às “pressões que os neocapitalistas exercem no espaço urbano e natural” com especulações imobiliárias. Para ele, “no nosso tempo tudo virou mercadoria, seja no chão ou no céu, e por isso eles [os especuladores] não querem que nenhum espaço seja tombado”.<br />O geógrafo diz que falta entendermos o conceito de “espaço total”, que interliga as reminiscências de áreas naturais, grandes áreas de água e ecossistemas e conjuntos urbanos. Devemos, para ele, expandir esse conceito ao interior da área metropolitana. “O plano diretor de uma cidade é bizarramente burocrático, há de se ter um plano de funcionalidade, que se inicia por um bom estudo”. “O processo de tombamento também tem de ser pensado na funcionalidade, não devemos tombar apenas construções com valor arquitetônico, há de se considerar o funcionamento do ecossistema urbano, os desgastes das drenagens”, acrescenta.<br /><br />O intelectual de 83 anos ainda alerta que deve haver uma parceria entre os que estudam para tombar e os que têm que manter intacto o espaço tombado. Ele finaliza ao dizer que teme o modo como as expansões urbanas ocorrem atualmente, pois são regidas pelas pressões dos “neocapitalistas”. “Isso é caos para nossos filhos e netos”.<br /><br />A identificação do problema e a posterior justificação do projeto de tombamento, para Ab’Saber, deve ser feita pelo Condephaat, cuja força “se encontra naqueles que lá trabalham”.<br /><br /><br />O segundo dia do seminário Paisagens Culturais: Conceitos e Critérios de Preservação, realizado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat), órgão da Secretaria de Estado da Cultura, teve como foco a apresentação de projetos de intervenção no espaço urbano. O tema do debate ocorrido foi Paisagens Culturais: entre conceitos e práticas – projetos de intervenção.<br /><br />A mesa coordenada pela historiadora Marly Rodrigues, do Condephaat, contou com a participação de José Rollemberg Mello Filho, do Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura Municipal de São Paulo, de Marcelo C. Ferraz, arquiteto responsável por vários projetos envolvendo bens tombados e de Eduardo Della Mano, arquiteto que representou o Secovi - Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo.<br /><br />José Rollemberg apresentou, no início do debate, um projeto de revitalização do “Eixo de Santo Amaro”, que vai da Igreja Matriz até a Biblioteca Kennedy, passando pela Rua capitão Tiago Luz. O eixo, segundo ele, abriga grande valor histórico da região, que um dia fora uma cidade. Atualmente, o local é ocupado pelo comércio informal de forma desordenada.<br /><br />O objetivo do projeto é organizar os camelôs ali instalados, ampliar as calçadas e os espaços públicos, recuperar os espaços abertos e os edifícios históricos, arborizar o local e revitalizar o largo da Igreja Matriz para realizar festas e eventos da comunidade.<br /><br />Marcelo Ferraz apresentou três projetos semelhantes, que visam também recuperar áreas necessitadas e que beneficiam a comunidade da região. Para ele, “o passado de pedra só nos interessa quando vivo, e é necessário preservar e restaurá-lo para torná-lo vivo, útil e servir de referência ao futuro”.<br /><br />O primeiro projeto que apresentou foi a revitalização do “KKKK”, um conjunto de galpões feitos pelos imigrantes japoneses na cidade de Registro, interior de São Paulo. As construções foram tombadas pelo Condephaat em 1982, e o projeto do arquiteto transformou os prédios da Companhia Ultramarina de<br /><br />Desenvolvimento em locais úteis à população da cidade. Um dos galpões transformou-se num museu sobre a imigração japonesa no estado. Outros se tornaram uma escola de capacitação de professores e um centro de lazer. Além disso, o projeto construiu um parque na região da margem do Rio Ribeira de Iguape, onde os moradores de Registro praticam esportes e lazer.<br /><br />Os outros dois projetos apresentados foram o da construção do Museu Rodin em um casarão colonial de Salvador, na Bahia, que abrigará obras do artista francês a partir de maio de 2008 e o do Museu do Pão, que revitalizou moinhos de imigrantes italianos no sul do Brasil. Cinco moinhos na Serra Gaúcha, na cidade de Ilópolis, compuseram o projeto, que os restaurou e construiu um museu sobre suas histórias, relacionadas à produção de pães.<br /><br />Eduardo Della Mano afirmou que “é salutar a esses projetos certa parceria com a iniciativa privada”. Para ele, essa associação garante a sustentabilidade do local trombado e canaliza recursos que qualificam a intervenção. “O tombamento não garante por si só a preservação do bem tombado”, acrescenta.<br /><br />A polêmica envolvendo os processos de tombamento também pôde ser vista em julho de 2007. Elisabete Florido, jornalista moradora da Mooca, foi uma das idealizadoras do “Abraço ao Moinho Santo Antônio”, ato que teve o objetivo de impedir a demolição do prédio por parte das construtoras. O gesto não foi em vão, já que o Conpresp iniciou o processo de tombamento do Moinho, e de mais seis galpões da região, o que impede qualquer alteração em sua estrutura.<br /><br />Agora, o espaço, que seria destinado a supermercados e empreendimentos imobiliários, já tem planejamentos para um futuro muito mais interessante para a memória da cidade.<br /><br />“No caso dos galpões do entorno da linha férrea, existe um projeto da Secretaria Municipal de Cultura de se fazer ali um grande pólo cultural, com salas de cinema, anfiteatro, áreas de convivência e gastronomia, além do Memorial das Ferrovias.”, disse Elisabete.<br /><br />A jornalista não acredita que com esse processo de tombamento a região será desvalorizada. “A valorização começa agora. É que as pessoas não compreendem ainda essa mecânica. O que diminuiu foi o poder especulativo sobre aquela área. As construções foram limitadas, não tem remembramento de lotes, portanto perdeu o interesse imobiliário.”<br /><br />Em meio a essas disputas diversos projetos e visões são apresentados, porém nos casos pró-imobiliárias fica claro um interesse privado que acaba influenciando diretamente no espaço público. O medo da desvalorização precisa ser superado por parte da população que acaba sofrendo as conseqüências dessa guerra. O tombamento uma vez entendido como um ato de preservação, reaproveitamento e valorização do local pode ser encarado como um bem a cidade e a sua população.</div>Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4952765819664503519.post-40623127117724000332008-11-01T07:40:00.000-07:002010-03-09T09:22:44.565-08:00O Produto é você! - Supervalorização da imagemO papa é pop! O mundo é pop! A lógica é a do mercado, do consumo desenfreado, do culto à imagem e do vazio espiritual. Tudo é mercadoria. A incorporação e a penetração do sistema capitalista na vida das pessoas nunca foram tão brutais. A mídia (o chamado quarto poder) se ocupa de perpetuar esse modo de vida, difundir imagens e orientar o consumo. Oferece um complemento para a sua vida pacata. Publicidade, jornalismo e “lazer” se fundem nesse espetáculo monstruoso. Onde, diferentemente da Antiguidade os heróis são infinitos, fabricados e sepultados todos os dias em telas de tv, outdoors, programas de rádio, jornais, revistas e internet. Não precisam de feitos extraordinários para ocupar as telinhas e alcançar a tão desejada fama, basta rebolar, ir sem calcinha à quadra de alguma escola de samba, ficar enclausurado em uma casa com outras pessoas “comuns” enquanto tudo é filmado, enfim, as possibilidades são também infinitas.<br /><br />Tudo isso é perfeitamente compreensível no dado momento em que a imagem foi colocada como ponto nevrálgico desse sistema superficial, onde tudo é consumível, fabricado e visível. A fama é status e reconhecimento social, não importa como foi atingida. A maioria quer ser o próximo “American Idol” e se sujeita qualquer coisa para ascender socialmente nessa sociedade. Portanto, o papel da mídia é fundamental nessa espetacularização, cabe a ela fabricar e vender as imagens que orientam ao consumo, desde escovas de dente elétricas até o último eliminado do “Big Brother Brasil”.<br /><br />Alcançar alguma visibilidade em um meio de comunicação não era muito fácil, até os dias de hoje. A internet, com o youtube, myspace, orkut, blogs, flogs e etc. veio preencher essa lacuna do “self-made-icon”. Sendo um meio mais democrático, qualquer um com acesso a rede pode se lançar como mais novo ícone pop. A visibilidade e a fama nunca estiveram tão acessíveis como nos dias de hoje. Você, mero mortal, pode se tornar mais uma celebridade sem sair da sua casa. A fama está logo ali. Qualquer um pode virar mais uma imagem, um produto, conquistar a fama instantânea e ser consumido por milhares como você.<br /><br />O mercado incorpora tudo e todos e está entre nós, em nossas relações sociais. A todo tempo presenciamos a sobreposição de espetáculos ao nosso redor. Desde o momento em que você escova os dentes com aquela pasta que combate 12 problemas dentários, passando pelo seu cereal matinal, pela rápida lida no jornal, com notícias espetaculosas e selecionadas, que garantem informar tudo aquilo que é preciso saber, na sua camisa nike, no seu tênis adidas, na sua coca-cola, no seu carro, nos outdoors, na tv, no rádio, na igreja, na sua casa, nas suas conversas, na sua vida. Tudo faz parte do espetáculo. Esse mundo grita: se você não faz parte do show, você não existe! Todas as suas relações sociais estão intermediadas por imagens, sem elas, nesse mundo, você não é ninguém. Nada mais plausível do que, em um mundo de imagens, querer ser mais um ícone e ser cultuado.<br /><br />Toda essa cena caótica remete a face mais perversa da sociedade de consumo, que acaba por ser tornar sociedade do espetáculo. O fetichismo da mercadoria atinge o seu mais alto grau, onde o consumo traz felicidade. Na essência o homem acaba massificado, tratado como mais um consumidor, um número, perde sua identidade real e veste a fabricada, se torna a imagem, o produto. O espetáculo permanente preenche o vazio dessa sociedade dividida, esfacelada e desigual. Ele domina seu cotidiano, seja no trabalho ou nas horas de lazer e como qualquer outra indústria precisa da permanente renovação de seus produtos, imagens e ídolos. Está tudo em liquidação! Compre! Consuma! Seja o próximo “American Idol”!Retransmissorhttp://www.blogger.com/profile/10454206768036422642noreply@blogger.com0