terça-feira, 17 de março de 2009

Evo Morales distribui terras

No último dia 16, o presidente boliviano Evo Morales repassou 34 escrituras de fazendas consideradas improdutivas. Assim, em "território inimigo", na elitista Santa Cruz de la Sierra, direto da fazenda de um ex-proprietário americano, Evo, em ato solene, declarou: "Hoje é um dia histórico. A partir de agora estamos começando a por fim ao latifúndio e à escravidão dos (índios) guaranis"

A reforma agrária foi possivel após aprovação de mais de 60% da população à nova Constituição do país. Agora o tamanho das propriedades é limitado por lei e, segundo o presidente: "aqueles que não estão interessados na igualdade devem mudar sua forma de pensar e se concentrar mais nas necessidades do país do que no dinheiro".

Por aqui, tal reforma caminha a conta-gotas e parece ter sido esquecida pelo governo Lula. Justo o PT, que sempre levantou essa bandeira, agora assiste seu vizinho distribuir terras e comprar briga com a elite boliviana. No Brasil, embora os "bolsas família" aproximem o Estado das camadas mais pobres, o governo jamais rompeu com os grandes proprietários do campo e assim realiza uma reforma agrária que mais parece uma ilusão. "Distribui" terras através de processos que levam anos.

O lucro gerado pelas monoculturas de soja, eucalipto, café, cana de açucar, arroz e milho faz o governo sorrir e manter o mesmo sistema colonial agrário-exportador. Assim, os territórios são extensos e concentrados na mão de poucos. Poucos, mas muitos políticos e donos de veículos de comunicação. Não por acaso a grande mídia prefere se ausentar do debate sobre o sistema agrário brasileiro - haja visto que os veículos nacionais, verdadeiros feudos, pertencem à grupos intimamente ligados ao latinfúndio. Com isso, fazem linha de frente na guerra da comunicação, constantemente criminalizando movimentos sociais que lutam no campo pela reforma agrária e por uma economia menos exploratória e mais solidária.

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