terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eleições em Israel - possivel vitória da direita

Hoje é dia de eleições (parlamentares) para premiê em Israel e Benjamin Netanyahu, do Likud (partido conservador de direita), tem grandes chances de ser nomeado. Isso, pois mesmo com um empate técnico com o Likuma (partido centrista e situação), da chanceler Tzipi Livni, o Likud tem maiores chances de formar uma grande coalizão e tomar as 61 cadeiras necessárias para ter seu premiê eleito. O partido de direita deve formar coalizão com os ultradireitistas do Yisrael Beiteinu (3° maior partido) e com partidos religiosos . Com isso, mesmo se o Kadima conseguir mais cadeiras de ínicio, perderia na formação de coalizão. Sendo assim, o partido eleito popularmente não seria aquele a governar junto ao presidente Shimon Peres. Essa guinada para direita mostra o embrutecimento da população de Israel e o desejo pela limpeza étnica na Palestina.

Os israelenses, em sua maioria, apoiaram a ofensiva em Gaza e continuam querendo o fim do "Hamas" através de ações militares. Sentem-se ameaçados pelos foguetes disparados contra o Estado de Israel. Foguetes que dificilmente atingem algo, parecem mais um grito de desespero e ódio. Tal sentimento não nasceu ontem. Não foi há poucos anos que "árabes fundamentalistas" se armaram contra Israel. Não foi por acaso, pois a história de Israel caminha em conjunto com a limpeza étnica dos árabes da Palestina.

Tudo isso remete ao fato de Israel ser um Estado Judeu, onde o "povo escolhido por Javé (Deus)" encontra a continuidade de sua história. Por lá não existe constituição escrita, mas ensinamentos bíblicos. E se você acha que a "guerra santa" é coisa de árabe, atenção para esses trechos:

"Não seguireis os estatutos das nações que eu expulso de diante de vós. Eu Javé, vosso Deus, vos separei desses povos. Fareis distinção entre o animal puro e o impuro. Não vos torneis vós mesmos imundos como animais, aves e tudo o que rasteja sobre a terra" Levítico, 20, 23-25.

"Javé ferirá todos os povos que combateram contra Jerusalém: ele fará apodrecer sua carne, enquanto estão ainda de pé, os seus olhos apodrecerão em suas órbitas, e a sua língua apodrecerá em sua boca" Zacarias, 14, 12-15

Apoiado em tais fundamentos, no final dos anos 1930 ,Ben Gurion sentenciou: “Depois da formação de um grande exército, na esteira do estabelecimento de nosso Estado, nós aboliremos a partilha e expandiremos nosso Estado para toda a Palestina”.

Assim, desde o príncipio que tal higienização está programada - como mostra o historiador Ilan Pappe no vídeo da postagem abaixo. E a limpeza não se limita em um Estado atacar um povo sem Estado. Pelo contrário, dentro de Israel, um Estado Judeu, para ser cidadão legítimo é preciso confirmar a herança consanguinea. Com isso, árabes israelenses, cerca de 20% da população (1,3 milhões) são considerados cidadãos de segunda classe. Alguns bairros do país não aceitam cidadãos de "segunda classe" como moradores. Medidas como essa praticamente forçam a fuga de tais árabes para um território onde sua presença seja melhor aceita. E esse é o plano, desde a fundação de Israel em 1948.

Mas por que o mundo se cala?

Nem mesmo as milhões de pessoas que protestaram contra a ofensiva sobre Gaza, no mundo todo, conseguiram com que a diplomacia internacional pusesse um fim nesse exterminio contínuo que já dura anos. Mas por que? Por que chefes de Estado das nações onde aconteceram os protestos não tomaram medidas? Somente Hugo Chávez expulosu o embaixador de Israel da Venezuela. A resposta é simples e triste. O mundo vive hoje uma lógica Estatal e cruel, onde Estados, quando se sentirem ameaçados, tem o direito de atacar povos indiscriminadamente. Os direitos dos povos praticamente inexistem, pois "a vida fora do Estado não é possivel" como diria Hobbes. Essa é a regra da diplomacia e das Relações Internacionais atuais, ou seja, palestinos não tem direito a nada. Assim, caberiam as grandes potências essa regulação da ordem internacional vigente, mas elas se calam.

Talvez, somente a maior potência mundial, EUA, pudesse intervir com êxito na situação. Dificilmente isso irá acontecer, talvez nem com Obama, pois EUA e Israel sempre andaram juntos. O Estado Judeu, para os americanos, representa um ponto estratégico no Oriente Médio. Essa é a justificativa para Israel ser o maior receptor de ajuda ianque, inclusive e principalmente, no campo militar. Com isso, os EUA engrossam o coro de que o Hamas ameaça a segurança de Israel. Somente esses dois países podem levar isso a sério, pois é óbvio que o Hamas não tem poder para desestabilizar a ordem israelense. Isso é comprovado com os números das últimas batalhas: 15 israelenses mortos (4 por fogo amigo) contra mais de 1300 palestinos (mulheres e crianças no pacote de horror).

Os povos do mundo protestam, mas os Estados preferem o silêncio. Nessa lógica os povos e a política internacional permanecem separados, com isso, o futuro da humanidade é decidido a portas fechadas. Heil Netanyahu!




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