sábado, 1 de novembro de 2008

O Produto é você! - Supervalorização da imagem

O papa é pop! O mundo é pop! A lógica é a do mercado, do consumo desenfreado, do culto à imagem e do vazio espiritual. Tudo é mercadoria. A incorporação e a penetração do sistema capitalista na vida das pessoas nunca foram tão brutais. A mídia (o chamado quarto poder) se ocupa de perpetuar esse modo de vida, difundir imagens e orientar o consumo. Oferece um complemento para a sua vida pacata. Publicidade, jornalismo e “lazer” se fundem nesse espetáculo monstruoso. Onde, diferentemente da Antiguidade os heróis são infinitos, fabricados e sepultados todos os dias em telas de tv, outdoors, programas de rádio, jornais, revistas e internet. Não precisam de feitos extraordinários para ocupar as telinhas e alcançar a tão desejada fama, basta rebolar, ir sem calcinha à quadra de alguma escola de samba, ficar enclausurado em uma casa com outras pessoas “comuns” enquanto tudo é filmado, enfim, as possibilidades são também infinitas.

Tudo isso é perfeitamente compreensível no dado momento em que a imagem foi colocada como ponto nevrálgico desse sistema superficial, onde tudo é consumível, fabricado e visível. A fama é status e reconhecimento social, não importa como foi atingida. A maioria quer ser o próximo “American Idol” e se sujeita qualquer coisa para ascender socialmente nessa sociedade. Portanto, o papel da mídia é fundamental nessa espetacularização, cabe a ela fabricar e vender as imagens que orientam ao consumo, desde escovas de dente elétricas até o último eliminado do “Big Brother Brasil”.

Alcançar alguma visibilidade em um meio de comunicação não era muito fácil, até os dias de hoje. A internet, com o youtube, myspace, orkut, blogs, flogs e etc. veio preencher essa lacuna do “self-made-icon”. Sendo um meio mais democrático, qualquer um com acesso a rede pode se lançar como mais novo ícone pop. A visibilidade e a fama nunca estiveram tão acessíveis como nos dias de hoje. Você, mero mortal, pode se tornar mais uma celebridade sem sair da sua casa. A fama está logo ali. Qualquer um pode virar mais uma imagem, um produto, conquistar a fama instantânea e ser consumido por milhares como você.

O mercado incorpora tudo e todos e está entre nós, em nossas relações sociais. A todo tempo presenciamos a sobreposição de espetáculos ao nosso redor. Desde o momento em que você escova os dentes com aquela pasta que combate 12 problemas dentários, passando pelo seu cereal matinal, pela rápida lida no jornal, com notícias espetaculosas e selecionadas, que garantem informar tudo aquilo que é preciso saber, na sua camisa nike, no seu tênis adidas, na sua coca-cola, no seu carro, nos outdoors, na tv, no rádio, na igreja, na sua casa, nas suas conversas, na sua vida. Tudo faz parte do espetáculo. Esse mundo grita: se você não faz parte do show, você não existe! Todas as suas relações sociais estão intermediadas por imagens, sem elas, nesse mundo, você não é ninguém. Nada mais plausível do que, em um mundo de imagens, querer ser mais um ícone e ser cultuado.

Toda essa cena caótica remete a face mais perversa da sociedade de consumo, que acaba por ser tornar sociedade do espetáculo. O fetichismo da mercadoria atinge o seu mais alto grau, onde o consumo traz felicidade. Na essência o homem acaba massificado, tratado como mais um consumidor, um número, perde sua identidade real e veste a fabricada, se torna a imagem, o produto. O espetáculo permanente preenche o vazio dessa sociedade dividida, esfacelada e desigual. Ele domina seu cotidiano, seja no trabalho ou nas horas de lazer e como qualquer outra indústria precisa da permanente renovação de seus produtos, imagens e ídolos. Está tudo em liquidação! Compre! Consuma! Seja o próximo “American Idol”!

Nenhum comentário: